XP e Alvarez & Marsal avaliam ‘La Liga’ brasileira em US$ 10 bi
Entenda os detalhes da proposta que utiliza a liga espanhola como referência para o futebol brasileiro
Em um momento de enfraquecimento da Confederação Brasileira de Futebol, a CBF, que vive uma crise institucional após o afastamento de seu então presidente Rogério Caboclo, os clubes de futebol brasileiros se articulam para assumir o protagonismo. Um evento realizado nesta terça-feira, 15, no restaurante Cubo JK, instalado no shopping JK Iguatemi, na região nobre de São Paulo, reuniu dirigentes de times das séries A e B para discutir um novo modelo de gestão para o Campeonato Brasileiro. Representantes dos clubes ouviram atentamente executivos da consultoria Alvarez & Marsal, do banco de investimentos XP Inc e Javier Tebas, presidente da LaLiga, a liga de futebol da Espanha, que apresentaram uma proposta para a organização dos campeonatos nacionais a partir de 2024.
O projeto apresentado aos dirigentes avalia as duas principais divisões do certame nacional em 10 bilhões de dólares (algo acima de 50 bilhões de reais, nos valores de hoje), sendo que o objetivo seria vender o “produto” em fatias. “Nós seremos apenas os estruturadores e estamos conversando com investidores que têm esse tipo de interesse. Vamos vender uma porcentagem mínima para começar, entre 10% e 20%”, afirma Pedro Mesquita, chefe do banco de investimentos da XP. “A gente acha que a liga do Brasil, dentro do formato que estamos propondo, parte de um valor mínimo de 10 bilhões de dólares em avaliação.”
Pela proposta, a LaLiga prestaria uma consultoria esportiva para a transição do modelo de gestão no Brasil. Enquanto isso, a XP seria encarregada de auxiliar na parte financeira, e a Alvarez & Marsal auxiliaria na estruturação de um sistema de compliance e governança. Pretende-se, com o projeto, que os clubes se unam para discutir direitos televisivos, por exemplo. “A gente vai entrar com a expertise que adquirimos nesse setor. Nós já fizemos duas transações importantes, como as SAFs de Cruzeiro e Botafogo, e anunciamos ontem a transação do Coritiba. A nossa intenção é trazer credibilidade para o processo”, diz Mesquita.
O executivo se mostra confiante de conseguir “fazer a cabeça” dos dirigentes dos clubes. A proposta apresentada nesta terça-feira (LaLiga, XP e A&M) é a terceira que chega às mãos dos dirigentes. No início do ano, a Codajás Sports Kapital apresentou uma alternativa em conjunto com o banco BTG, que inclusive rendeu assinaturas de pré-acordo com alguns clubes. Outra proposta foi feita pela LiveMode e pela 1190. “Nós recomendamos que os clubes se unam, que façam uma espécie de licitação para escolher o melhor projeto, e estamos muito confiantes de que o nosso será o vencedor”, afirma Mesquita.
Sem abrir detalhes, Mesquita afirma que há conversas encaminhadas com possíveis compradores para a nova liga e que “estamos no momento mais importante da história do futebol brasileiro”. Ele diz, ainda, que a CBF não deve se opor ao negócio. “A CBF entende que esse é um caminho sem volta. A necessidade de profissionalização dos clubes e do campeonato é enorme. A CBF, pela primeira vez, está de acordo com isso.”
Parte importante no negócio será a forma como os direitos de transmissão serão negociados. Pelo modelo vigente, a negociação dos direitos de cada clube se dá de forma individual. A proposta, no entanto, é fazer algo semelhante à LaLiga. Durante o evento, Tebas detalhou que, na Espanha, 50% da receita televisiva é partilhada igualmente, já outros 25% de acordo com a performance na temporada anterior, e os outros 25% levam em consideração a exposição e o potencial de audiência do produto.