Vilões da inflação: tomate e tangerina subiram mais de 70% em 2018
Safra menor que em 2017 e greve dos caminhoneiros impactaram no preço dos alimentos no ano passado
A inflação oficial de 2019 ficou em 3,75%, abaixo da meta do Banco Central para 2018. No entanto, o resultado positivo não necessariamente foi sentido pelo consumidor. Isso porque os alimentos, que tem peso maior no orçamento das famílias, subiram mais. Durante todo o ano passado, a alta foi de 4,04%. O grupo representa cerca de um quarto dos gastos dos brasileiros, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A tangerina e o tomate foram os itens do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) com maior alta no ano passado: 76,1% e 71,4%, Entre os quinze itens que tiveram maiores aumentos de preço em 2018, doze são alimentos. O gerente da pesquisa no IBGE, Fernando Gonçalves, explicou que as altas se devem à queda na produção de alimentos no ano passado. A greve dos caminhoneiros também puxou os preços para cima e afetou o resultado do índice no ano.
“Essa paralisação [dos caminhoneiros] ocorreu no fim de maio, então ela teve um impacto pontual, em junho, nos combustíveis e também nos alimentos, por causa do desabastecimento. [Se não houvesse a greve], provavelmente isso acarretaria num nível menor da inflação no acumulado do ano”, disse o pesquisador do IBGE Fernando Gonçalves.
Os alimentos consumidos em casa ficaram 4,53% mais caros no ano, enquanto os preços dos alimentos consumidos fora de casa (em bares e restaurantes, por exemplo) subiram 3,17%.
Os produtos alimentícios que tiveram maior impacto na inflação de 2018 foram o tomate (71,76% mais caro), frutas (14,1%), refeição fora de casa (2,38%), lanche fora (4,35%), leite longa vida (8,43%) e pão francês (6,46%).
Outras despesas
Outros grupos de despesas que tiveram impacto importante na inflação do ano passado foram habitação (4,72%) e transportes (4,19%).
Entre os itens de transporte que ficaram mais caros estão passagem aérea, 16,92%, gasolina, 7,24% e ônibus urbano (6,32%).
Já entre os gastos com habitação, o principal impacto no aumento do custo de vida veio da energia elétrica (8,7%).
Entre os nove grupos de despesa pesquisados, apenas comunicação teve deflação (-0,09%). Os demais grupos registraram inflação: artigos de residência (3,74%), saúde e cuidados pessoais (3,95%), educação (5,32%), despesas pessoais (2,98%) e vestuário (0,61%).
(Com Agência Brasil)