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‘Viabilidade zero em 20 anos’, diz ex-presidente do BC sobre ‘peso real’

Francisco Lopes avalia que iniciativas como a proposta por Jair Bolsonaro demandam um 'dever de casa muito grande', que pressupõe, sobretudo, estabilidade

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 jun 2019, 16h56 - Publicado em 7 jun 2019, 16h31

A ideia lançada pelo presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, de uma moeda única entre Brasil e Argentina, o “peso real”, tem “viabilidade zero” em um horizonte de, ao menos, 20 anos – isso se “tudo der certo” na próxima década. Assim avalia o ex-presidente do Banco Central Francisco Lopes, conhecido como Chico Lopes, que ocupou o cargo entre janeiro e fevereiro de 1999, em meio à crise cambial do início do segundo governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Para Lopes, qualquer iniciativa do tipo, como ocorreu na Zona do Euro, só é concretizada a “longuíssimo prazo” e pressupõe um “dever de casa muito grande”, baseado, sobretudo, em estabilidade. “Você precisa de muita estabilidade monetária, fiscal e política, para pensar nisso seriamente. A viabilidade é zero no horizonte de muitos anos. Talvez daqui a uns vinte anos, se tudo correr bem por uns dez anos. É a muito longo prazo”, disse Lopes a VEJA.

O primeiro pilar de uma união monetária seria, para ele, a padronização cambial, com os dois países se comprometendo a manter a taxa de câmbio dentro de uma certa faixa “durante muito tempo” – obstáculo especialmente grande aos argentinos, às voltas com um plano junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Em abril, o Banco Central da Argentina congelou a banda cambial para o peso até o fim deste ano. O objetivo é fazer um aperto na política monetária para ajudar a conter os preços no varejo.

Outra dificuldade, na visão de Chico Lopes, seria o Banco Central único. “Se tem Banco Central comum e um país entra em recessão e o outro não, o que você faz com a política monetária? Teria que ter um nível de estabilidade, que hoje, no Brasil, é maior do que na Argentina. Eles estão com um programa com o FMI, a dúvida é se esse programa sobrevive. Há muita instabilidade”, diz.

O ex-presidente do BC entende que a proposta de Jair Bolsonaro em viagem oficial à Argentina é, neste momento, “só retórica” para “ajudar politicamente” o presidente argentino de centro-direita, Maurício Macri. Bolsonaro já externou diversas vezes preocupação com eleição presidencial argentina de outubro, na qual Macri, mal avaliado pela população, terá entre os adversários a chapa peronista composta por Alberto Fernández como candidato à Casa Rosada e a ex-presidente Cristina Kirchner como vice.

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Em abril, o governo Macri lançou uma série de medidas com o objetivo de controlar a inflação elevada e reativar o consumo no país, entre as quais congelar os preços de cerca de sessenta produtos básicos e conter os aumentos das tarifas dos serviços públicos, em uma tentativa de frear a inflação, que acumula aumento de 55% nos últimos doze meses. As medidas fazem parte do plano acordado com o FMI.

Ao comentar a proposta para uma moeda única, Jair Bolsonaro lançou mão de seu léxico matrimonial e a comparou a um “casamento”, no qual “você ganha de um lado e perde do outro”. Para Chico Lopes, contudo, o Brasil não levaria vantagem alguma com o peso real.

“Para o Brasil, na situação atual, não teria nenhuma vantagem. Para os argentinos seria mais animador. A Argentina está em uma situação que você olha para os números e não vê como sai. Inflação altíssima, recessão enorme, eleição a curto prazo, programa com o FMI e sem reservas suficientes para estabilizar a taxa de câmbio”, avalia.

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