Por Sabrina Lorenzi
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO, 28 Mai (Reuters) – Em linha com a estratégia de desinvestimentos, a Vale assinou acordo para vender suas operações de carvão na Colômbia para a CPC, unidade da Colombian Natural Resources.
O acordo prevê a venda de ativos de carvão térmico, que incluem mina e logística, por 407 milhões de dólares em dinheiro, informou nesta segunda-feira a mineradora.
O negócio já era esperado pelo mercado, com executivos da Vale tendo informado que carvão térmico seria um dos alvos de venda para que a companhia pudesse concentrar recursos em projetos prioritários.
Mas a escolha por ativos da Colômbia para realizar o plano de desinvestimentos também pode ter sido motivada por problemas locais que a mineradora vinha enfrentando, avaliam analistas ouvidos pela Reuters.
“Acho que a Vale vendeu esses ativos primeiro porque decidiu sair mesmo do negócio de carvão térmico e segundo porque está avaliando sair de países com problema, como é o caso de Rio Colorado, na Argentina”, afirmou Pedro Galdi, da SLW Consultoria.
Protestos contra a poluição de minas de carvão da Vale na Colômbia afetaram a produção da mineradora e deixaram um policial morto em fevereiro, segundo informaram na ocasião fontes da indústria e a ONG Justiça Global.
Os habitantes exigiam que a Vale removesse o depósito de rejeitos da mina e que começasse a fazer aterros, além de interromper o corte de eucaliptos da região.
“Dor de cabeça a Vale já tem bastante no Brasil, com cobrança de royalties, passivo gigante tributário em discussão na Justiça, mudança no marco regulatório…”, acrescentou Galdi, lembrando que a empresa também está considerando a possibilidade de abandonar projeto gigante de potássio na Argentina.
As operações de carvão térmico na Colômbia constituem um sistema integrado mina-ferrovia-porto, que inclui a mina de carvão de El Hatillo e o depósito de carvão de Cerro Largo, ambos localizados no departamento de Cesar.
“Os protestos podem ter acelerado o processo de venda mas o objetivo principal da empresa parece ser o direcionamento do seu foco para carvão metalúrgico, que é o seu maior alvo, voltado para siderúrgicas …”, comentou o analista Rafael Weber, do banco Geração Futuro.
A Vale informou que está sendo vendida também uma operação portuária de carvão na costa atlântica da Colômbia e participação de 8,43 por cento na ferrovia Ferrocarriles Del Norte de Colombia, que faz a ligação das minas de carvão ao porto. A operação está sujeita a aprovações regulatórias.
A Vale pagou pouco mais de 300 milhões de dólares pelos ativos colombianos há alguns anos.
“A venda das operações de carvão térmico na Colômbia é parte de nossos esforços contínuos de otimização do portfólio de ativos”, afirmou a empresa em comunicado.
“Carvão térmico está fora de nosso core business”, disse neste mês o diretor executivo de carvão e fertilizantes, Roger Downey.
Por volta de 14h20, as ações da companhia operavam em alta de 1,48 por cento, negociadas a 36,25 reais, enquanto o Ibovespa subia no mesmo ritmo, cerca de 1,72 por cento.
(Com reportagem de Alberto Alerigi Jr.)