RIO DE JANEIRO, 3 Mai (Reuters) – A Vale aguarda definições políticas na Guiné, com eleições em julho, para concluir avaliação sobre o projeto Simandou, de exploração de minério de ferro no país, afirmou nesta quinta-feira o presidente da mineradora, Murilo Ferreira.
Além das indefinições políticas, preocupa o executivo a conclusão do novo código de mineração da região.
“Temos a eleição de julho, já tem o novo código mineral que será analisado (pelo Congresso)… estamos aguardando as definições políticas lá para terminar a avaliação do projeto Simandou”, disse a jornalistas, durante evento na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Apesar do período de avaliação, a Vale incluiu Simandou entre seus principais projetos relatados a investidores na divulgação de seus resultados financeiros do primeiro trimestre, com investimentos de 1,260 bilhão de dólares previstos para todo o empreendimento. Para 2012, a mineradora estimou que vai desembolsar 380 milhões de dólares ao projeto.
O projeto prevê o desenvolvimento da mina de Zogotá e de usina de processamento no sul de Simandou, com capacidade de 15 milhões de toneladas anuais e start-up previsto para o primeiro semestre deste ano.
Outras mineradoras, como a Rio Tinto, também possuem atividades na região.
O governo de Guiné aprovou um novo código de mineração, em setembro, que eleva a participação do Estado em projetos do setor de 15 por cento para 35 por cento.
O governo também disse que planeja mudar uma série de cláusulas fiscais em seu código de mineração após discussões com empresas e investidores.
Em abril do ano passado, o presidente da Guiné, Alpha Conde, cancelou o projeto de uma estrada de ferro acordado inicialmente com a Vale e disse que abriria o contrato para ofertas mais competitivas.
A Vale, que detém participação na jazida de minério de ferro Simandou, no sul da Guiné, ofereceu pagar 1 bilhão de dólares para a reconstrução de uma estrada de ferro de 640 quilômetros, conectando a cidade de Kankan, no interior, à capital costeira Conacri.
Um ano antes, em 2010, a Vale anunciou a compra, por 2,5 bilhões de dólares, da participação de 51 por cento na BSG Resources Guiné, que detém concessões de minério de ferro no país africano — em Simandou Sul e licenças de exploração em Simandou Norte.
A região de Simandou é uma das mais promissoras do mundo no momento para minério de ferro. Mas incertezas regulatórias são um grande risco para as mineradoras que estão buscando explorar as reservas.
(Reportagem de Sabrina Lorenzi)