
SÃO PAULO (Reuters) – A fabricante gaúcha de móveis Unicasa pediu à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) o registro para uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), no que pode marcar a primeira entrada de uma companhia do setor em bolsa de valores no Brasil.
A operação, que consiste na venda de ações novas (oferta primária) e de papéis detidos pelos atuais sócios (secundária), será coordenada pelo BTG Pactual, em parceria com Itaú BBA e Santander.
Dona das marcas de móveis Dell Anno, Favorita, New e Telasul, dedicadas respectivamente às classes A, B, C e D, a Unicasa foi criada em 1985, com sede em Bento Gonçalves (RS) e se apresenta como a líder no setor de móveis planejados no Brasil.
No prospecto preliminar da oferta encaminhado à CVM, a companhia informa que tem 886 pontos de venda, incluindo 13 países além do Brasil, como Paraguai, Uruguai, Angola, Costa Rica, Chile, Colômbia, México, Argentina, Emirados Árabes e República Dominicana.
O documento informa também que a empresa teve em 2011 receita líquida de vendas de 294,68 milhões de reais (2,2 por cento maior do que no ano anterior), lucro operacional medido pelo Ebitda de 80,4 milhões de reais (alta de 10,32 por cento) e lucro líquido de 57,79 milhões de reais (crescimento 8,87 por cento).
A companhia, que pretende se listar no Novo Mercado, tem como principal sócio Alexandre Grendene Bartelle (73,67 por cento das ações), também o maior acionista da fabricante de calçados Grendene, que tem ações negociadas na bolsa desde 2004.
Além dele, são vendedores na oferta secundária os acionistas Frank Zietolie, Juvenil Antonio Zietolie, Kelly Zietolie, Emilia Ângela Saretta Zietolie e Nely Rosa C. Schenatto.
A empresa passa por um processo de reposicionamento de marcas, que incorre inclusive no fechamento de algumas lojas. Por outro lado, com base no resultado de estudo de uma consultoria, a Unicasa afirmou ver potencial de abertura de 566 novas lojas no Brasil, incluindo todas suas marcas.
No entanto, o prospecto informa que os recursos obtidos com a oferta primária também serão usados para pagamento de dividendos aos atuais acionistas.
O anúncio chega num momento em que o mercado doméstico de ofertas tenta retomar fôlego. A última aconteceu há oito meses, da Abril Educação, em julho, precificada abaixo do esperado.
Neste ano, as duas companhias que pretendiam captar recursos com uma oferta inicial de ações, a CVC e a Brazil Travel, ambas do setor de turismo, desistiram dos planos devido às condições adversas do mercado.
Na semana passada, porém, o BTG Pactual protocolou seu pedido de registro para oferta inicial, numa das operações mais aguardadas dos últimos anos. Na véspera, a fabricante de celulose Eldorado pediu registro de companhia aberta, mas não para oferta de ações.
(Por Aluisio Alves)