UE dará mais 2 anos para Espanha reduzir déficit
Banco da Espanha divulgou nesta terça-feira dados preliminares que mostram contração de 0,5% da economia do país no 1º trimestre, ainda assim menor do que o visto no fim de 2012
A União Europeia (UE) está disposta a dar à Espanha mais dois anos, ou seja, até 2016, para que o governo reduza o déficit para 3% de seu Produto Interno Bruto (PIB), segundo informações do jornal espanhol El País. O foco de Bruxelas, de acordo com a publicação, não está mais concentrado na austeridade e, por isso, dará também a Portugal e à França mais tempo para cumprir as metas de déficit.
Segundo estimativa publicada pelo Banco da Espanha nesta terça-feira, no primeiro trimestre, a economia espanhola retrocedeu 0,5%, o que representa uma desaceleração do ritmo de queda do PIB com relação ao último trimestre de 2012, no qual encolheu 0,8%. A instituição destacou que o resultado reflete um momento de melhoria dos mercados financeiros europeus, salvo por episódios pontuais de incerteza relacionados às dificuldades da Itália para formar governo e às complicações para o resgate financeiro do Chipre.
Apesar destes episódios, o Banco da Espanha ressaltou que houve recuperação das condições de financiamento tanto do Tesouro público como do setor privado. O índice registrado no primeiro trimestre é explicado pela queda de 0,8% da demanda interna, menor que a registrada no trimestre precedente, o que sugere melhora do consumo das famílias. A instituição disse que a pouca capacidade de economia das famílias em um contexto de queda da renda disponível, elevado endividamento e panorama trabalhista incerto ainda deixa pouca margem para a recuperação do consumo a curto prazo.
Os investimentos das empresas também caiu em menor ritmo no primeiro trimestre devido à melhora da confiança empresarial e à manutenção das vendas ao exterior. O comércio exterior seguiu fornecendo crescimento à economia (0,3%), pois as importações sofreram uma queda menos acentuada e as exportações se recuperaram apesar da fraqueza da zona do euro, principal mercado receptor de bens e serviços espanhóis.
A destruição de emprego também se moderou, já que caiu para uma taxa de 4,5% anualizado, contra o índice de 4,7% do trimestre anterior. O aumento do desemprego registrado sofreu uma desaceleração, apesar de o Banco da Espanha acreditar que a tendência reflita uma “intensificação do desânimo após um período tão prolongado de destruição de emprego”, o que leva a uma menor procura por serviços públicos.
Leia mais:
Economia alemã se estabilizou no 1º trimestre
UE: 20% das pessoas que trabalham meio período queriam trabalhar mais
Inflação da eurozona desacelera para menor nível desde 2010
Ainda na Europa, uma forte queda na atividade empresarial da Alemanha ofuscou um alívio na contração vista na França em abril, mostraram nesta terça-feira pesquisas Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês), levantando preocupações sobre uma contração econômica na zona do euro.
O PMI preliminar de serviços da zona do euro, compilado pelo Markit, uma medida da atividade empresarial, subiu para 46,6 pontos em abril ante 46,4 em março, ainda mostrando contração – apenas acima de 50 pontos indica crescimento. Apesar da ligeira melhora, o Markit alertou que isso não significa que a recessão da região está deixando sua pior fase, destacando um declínio inesperado nas empresas alemãs, que formam o pilar da economia da zona do euro.
“Anteriormente, víamos a Alemanha expandir enquanto outros países contraíam – notavelmente Espanha, Itália e França”, disse o economista-chefe do Markit, Chris Williamson. “Agora parece que essas contrações estão sendo acompanhadas de uma contração na maior economia, a Alemanha, e isso sem dúvida agirá como um peso sobre o crescimento.”
Já o setor industrial da zona do euro teve outro mês complicado em abril, com o PMI do setor caindo para 46,5 ante 46,8, pior leitura neste ano. Parece haver pouca perspectiva de uma melhora no mês que vem, com o índice de novas encomendas caindo para o menor nível desde dezembro, a 44,9 ante 45,3. O PMI composto da zona do euro, que reúne as pesquisas de serviços e indústria, permaneceu em 46,5 em abril.
(com agências EFE, Reuters e Estadão Conteúdo)