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Trio leva Nobel de Economia por pesquisa sobre bancos e crises financeiras

Os americanos Ben Bernanke, ex-presidente do banco central dos Estados Unidos, Douglas Diamond e Philip Dybvig foram os laureados neste ano

Por Larissa Quintino Atualizado em 10 out 2022, 12h36 - Publicado em 10 out 2022, 07h14

O prêmio Nobel de Economia de 2022 foi concedido a três pesquisadores americanos sobre seus trabalhos que analisam a relação entre bancos e crises financeiras. De acordo com o comitê da premiação, os professores Ben Bernanke, ex-presidente do banco central do Estados Unidos (Federal Reserve Bank), e os economistas Douglas Diamond e Philip Dybvig “melhoraram significativamente a compreensão sobre o papel das instituições financeiras na economia, principalmente durante crises e a descoberta importante de suas pesquisas é por que evitar colapsos de bancos é vital”.

O prêmio de Economia, oficialmente chamado de “Prêmio do Banco da Suécia em Ciências Econômicas em memória de Alfred Nobel”, foi criado em 1968. A homenagem não fazia parte do grupo original de cinco prêmios estabelecidos por Alfred Nobel, que foram entregues pela primeira vez em 1901. O Nobel de Economia é o último concedido este ano. Os prêmios de Medicina, Física, Química, Literatura e Paz foram anunciados na semana passada. O prêmio em dinheiro é de 10 milhões de coroas suecas (equivalente a 4,6 milhões de reais), que serão entregues em 10 de dezembro.

Ao anunciar os laureados, o comitê citou a crise de 2008, que eclodiu com a quebra do Lehman Brothers e sacudiu economias mundo afora. As bases das pesquisas premiadas, no entanto, foram lançadas pelos professores bem antes, na década de 1980.  “Os laureados forneceram uma base para nossa compreensão moderna de por que os bancos são necessários, por que são vulneráveis ​​e o que fazer a respeito”, disse John Hassler, economista do Instituto de Estudos Econômicos Internacionais da Universidade de Estocolmo e membro da comissão do prêmio. “Crises podem acontecer novamente e o trabalho dos premiados nos ajudam a ter compreensão sobre como minimizar impactos”, disse.

Bernanke, em 1983, escreveu um artigo que inovou ao explicar que as falências de bancos podem propagar uma crise financeira – em vez de simplesmente ser o resultado da crise. O economista da Universidade de Washington analisou a Grande Depressão da década de 1930, a pior crise econômica da história moderna. Entre outras coisas, ele mostrou como as corridas bancárias foram um fator decisivo para que a crise se tornasse tão profunda e prolongada.

Já Diamond, da Universidade de Chicago, e Dybvig, também da Universidade de Washington, escreveram um artigo no mesmo ano sobre os riscos inerentes em transformar empréstimos de curto prazo em empréstimos de longo prazo. Diamond também escreveu sobre como os bancos monitoram seus mutuários, observando que o conhecimento sobre os mutuários desaparece com a falência dos bancos, estendendo as consequências da turbulência.

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Em sua teoria, Diamond e Dybvig mostram como os bancos oferecem uma solução ótima para esse problema. Atuando como intermediários que aceitam depósitos de muitos poupadores, os bancos podem permitir que os depositantes acessem seu dinheiro quando quiserem, ao mesmo tempo em que oferecem empréstimos de longo prazo aos tomadores, solucionando a equação de emprestadores querendo ter acesso a seus recursos e tomadores querendo pagar a dívida em mais longo prazo. No entanto, a análise da dupla também mostrou como a combinação dessas duas atividades torna os bancos vulneráveis ​​a rumores sobre seu colapso iminente. Se um grande número de poupadores se dirigirem simultaneamente para o banco para retirar seu dinheiro, o boato pode se tornar uma profecia autorrealizável – ocorre uma corrida ao banco e o banco entra em colapso. Essas dinâmicas perigosas podem ser evitadas se o governo fornecer seguro de depósito e atuar como credor de última instância para os bancos.

Quando os bancos entraram em colapso, informações valiosas sobre os mutuários foram perdidas e não puderam ser recriadas rapidamente, um conhecimento de mercado valioso que os emprestadores não têm individualmente como as instituições financeiras. A capacidade da sociedade de canalizar a poupança para investimentos produtivos foi, assim, severamente diminuída. “Os insights dos laureados melhoraram nossa capacidade de evitar crises sérias e resgates caros”, diz Tore Ellingsen, presidente do Comitê do Prêmio em Ciências Econômicas.

Diamond foi o único dos três premiados que participou da conferência com jornalistas por telefone. Segundo ele, após a crise de 2008, a sociedade está bem mais preparada para enfrentar esses problemas, devido ao avanço de normas regulatórias e ao conhecimento sobre o sistema financeiro e sua influência. Segundo o economista, as crises acontecem “quando as pessoas começam a perder a fé na estabilidade do sistema”, disse ele. “Esteja preparado para garantir que sua parte do setor bancário seja percebida como saudável e permaneça saudável, e para responder de maneira comedida e transparente às mudanças na política monetária”. Segundo ele, não necessariamente será possível evitar todas as crises financeiras, mas é possível evitar impactos maiores entendendo a importância dos bancos.

 

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