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TOP30: As Melhores Empresas do Brasil

A Sabesp aparece como campeã geral da lista, enquanto a edição traz também o ranking das 1 000 maiores empresas por receita, liderado pela Petrobras

Por Ernesto Yoshida
31 out 2025, 06h00

Em um ano marcado pela erosão generalizada dos lucros corporativos, um grupo seleto de empresas conseguiu se destacar com desempenho muito acima da média no Brasil. Com base em dados da Austin Rating, uma agência classificadora de risco de crédito, VEJA NEGÓCIOS publica pela primeira vez o ranking das TOP30 — as companhias mais eficientes em trinta setores da economia brasileira. A Sabesp aparece como campeã geral da lista, enquanto a edição traz também o ranking das 1 000 maiores empresas por receita, liderado pela Petrobras.

O lucro líquido total das 2 079 empresas avaliadas caiu, em média, 22,4% nos últimos três anos — entre as 1 000 maiores do país, a retração foi ainda maior, de 25,2%. Em contraste, as TOP30 ampliaram seus lucros em 19,1% no período. Os dados mostram que, mesmo em um ambiente macroeconômico instável, é possível crescer com rentabilidade.

O estudo da Austin Rating analisou um universo de 4 174 empresas, das quais 2 079 atenderam aos critérios de elegibilidade. Juntas, elas somam 10,1 trilhões de reais em ativos, o equivalente a 86,1% do produto interno bruto. Apesar do crescimento de 5,8% na receita líquida agregada de 2023 para 2024, atingindo 5,2 trilhões de reais, o lucro líquido total da amostra no ano passado caiu 23,4%, para 422,6 bilhões de reais. As companhias venderam mais, mas ganharam menos.

Tudo isso em um ano em que o PIB teve uma expansão de 3,4%, acima das previsões iniciais. Mas a combinação de juros elevados, inflação persistente, instabilidade fiscal e custos crescentes corroeu os ganhos da maior parte do mercado. “A inflação subiu, os juros também, e as empresas não conseguiram transferir integralmente os aumentos para os preços finais”, sintetiza Alex Agostini, economista-­chefe da Austin Rating.

Petrobras: a estatal se mantém como a maior por receitas
Petrobras: a estatal se mantém como a maior por receitas (Agência Petrobras/.)

O cenário adverso se refletiu em alguns indicadores negativos: o número de empresas com prejuízo cresceu 10,2%, totalizando 390 casos. A margem líquida mediana das 2 079 empresas da amostra caiu de 7,2% para 6,4%, e a rentabilidade sobre o patrimônio recuou de 14,9% para 12,2% — um retrato da dificuldade enfrentada pela maioria das companhias para manter o desempenho em meio às pressões do ambiente econômico. Enquanto isso, as TOP30 mostraram que é possível sustentar margens robustas mesmo em um cenário complicado — com disciplina financeira, gestão eficiente e decisões estratégicas consistentes.

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Os dados revelam uma dispersão interessante de resultados. Setores intensivos em capital, como petróleo e gás, telecom e saúde, lideraram o crescimento de ativos e receita, enquanto áreas tradicionalmente menos associadas a altos retornos — como educação e instituições esportivas — surpreenderam com forte avanço em lucro e rentabilidade. Essa diversidade mostra que eficiência de gestão e controle financeiro pesaram mais do que o tipo de atividade econômica na explicação do sucesso das empresas líderes.

A política monetária teve peso decisivo no desempenho das empresas em 2024. A taxa Selic, que começou o ano em 11,25%, oscilou ao longo dos meses e terminou acima de 12%, encarecendo o crédito e forçando muitas companhias a rever planos de investimento. “O custo do capital subiu de forma significativa. Empresas com alto nível de endividamento sentiram isso diretamente na margem de lucro”, diz Agostini.

Setores mais dependentes de crédito ao consumidor, como o de meios de pagamento, sentiram mais os efeitos dos juros altos. “Somos um termômetro da economia. Tudo o que desestimula o consumo, ou faz o portador do cartão hesitar entre gastar e poupar, torna o ambiente mais complicado”, diz Giancarlo Greco, presidente da Elo, a melhor empresa de meios de pagamento. Mas ele ressalta que não basta baixar os juros. “Inflação alta também atrapalha. O ideal é um equilíbrio — inflação controlada e juros baixos. Aí, sim, é céu de brigadeiro.”

arte TOP 30

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Além do impacto direto dos juros elevados no consumo e no crédito, outro fator que pressionou os resultados foi a piora no ambiente fiscal — com queda na arrecadação federal, aumento do déficit público e reajustes em tarifas de energia e combustíveis, o que ampliou a incerteza e encareceu os custos operacionais. Diante desse cenário, muitas empresas recorreram à postergação de projetos e ao corte de despesas, enquanto as TOP30 conseguiram manter o ritmo com estratégias mais sólidas e estrutura financeira mais enxuta.

O campo continuou a exercer papel central na economia brasileira, mas também enfrentou um 2024 difícil. Eventos climáticos adversos, a queda nos preços das commodities e o encarecimento do crédito afetaram a rentabilidade dos produtores, especialmente nas regiões mais expostas a oscilações do clima. “No Rio Grande do Sul, temos enfrentado problemas climáticos recorrentes que afetam diretamente a produtividade. Essa combinação — clima instável, preços em baixa e crédito caro — comprime as margens”, afirma João Marcelo Dumoncel, presidente da 3tentos, que despontou como a melhor empresa do agronegócio.

Em meio ao aperto nas margens e à retração dos lucros no mercado como um todo, as TOP30 se destacaram com resultados muito acima da média. A mediana do índice de margem líquida dessas empresas chegou a 17,4% em 2024 — quase três vezes a margem do conjunto das 2 079 empresas avaliadas (6,4%) e das 1 000 maiores do país (5,3%). O retorno sobre o patrimônio líquido também foi significativamente maior: 19,5% entre as TOP30, ante 12,2% no conjunto das companhias analisadas e 11,9% das 1 000 maiores.

Outro diferencial foi o controle da alavancagem, isto é, o grau em que uma empresa utiliza capital de terceiros para financiar suas operações. Enquanto a média do mercado fechou o ano com um endividamento de 127%, as TOP30 operaram com índice de 74,2%, o que reduziu a exposição ao custo financeiro e garantiu maior flexibilidade em um contexto de crédito caro. Em vez de frear os investimentos, essas empresas puderam manter suas estratégias de alocação de recursos.

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Esse perfil de gestão consistente fica evidente no caso da Marcopolo, a melhor empresa do setor de veículos e autopeças. “Nossa performance é resultado de ações iniciadas ainda na pandemia”, afirma André Armaganijan, presidente da companhia gaúcha, que obteve no ano passado o melhor resultado financeiro de sua história, com lucro líquido superior a 1,2 bilhão de reais. A diversificação geográfica — cerca de 30% da receita provém do exterior — e o investimento em inovação foram fundamentais para sustentar margens elevadas mesmo diante das dificuldades do mercado doméstico.

Produção da Marcopolo em Caxias do Sul (RS): a melhor de veículos e autopeças
Produção da Marcopolo em Caxias do Sul (RS): a melhor de veículos e autopeças (Gelson Mello da Costa/Marcopolo/.)

A análise dos dados revela traços consistentes no comportamento das empresas mais bem posicionadas no ranking: controle rigoroso dos custos operacionais, gestão financeira cautelosa, baixo nível de alavancagem, investimentos contínuos em tecnologia e diversificação de mercados. São escolhas estratégicas que permitiram manter margens saudáveis mesmo quando boa parte do mercado enfrentava perdas.

Se essas características foram fundamentais para o sucesso em 2024, elas serão ainda mais críticas no futuro próximo. O cenário em 2025 continua tão ou mais nebuloso que o do ano anterior. A combinação de déficit fiscal elevado, juros ainda restritivos e inflação próxima ao teto da meta mantém a pressão sobre as margens das empresas. “Com a arrecadação em queda e o ambiente fiscal indefinido, o ambiente de planejamento corporativo continua incerto”, diz Agostini. Nesse contexto, a capacidade de adaptação rápida e a solidez financeira seguem como fatores decisivos para colher bons resultados.

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O contraste entre as TOP30 e as demais empresas deste levantamento deixa uma lição clara: em tempos de volatilidade prolongada, excelência operacional não é um diferencial — é uma exigência. Em um país em que o custo do capital continua entre os mais altos do mundo e a instabilidade é quase uma tradição, as TOP30 mostram que gestão eficiente não apenas protege contra as turbulências, mas cria as condições para prosperar enquanto outras empresas andam de lado.

CONFIRA AS EMPRESAS VENCEDORAS:

Sabesp: Início promissor
Inpasa: Expansão movida a bioenergia
3tentos: Um laço forte que une produção, indústria e mercado
Ambev: Cerveja, inovação e novos hábitos
Cálamo: Um mapa amplo de entrega da beleza
Mili: Liderança nacional em papel e higiene
Globo: Negócio de audiência e algoritmo
Acciona: Depois da Lava-Jato, uma nova protagonista
PUC-Campinas: Fazer a lição de casa dá resultado
Electrolux: Confiança renovada no país
Cemig: Volta por cima com retorno às raízes mineiras
EMS: A fórmula para engordar os lucros
EcoRodovias: Caminho pavimentado para a expansão
Palmeiras: Gestão que dá resultado. Dentro e fora do campo
WEG: Energia que impulsiona o futuro
Elo: O desafio de crescer em um setor já maduro
Termomecanica: A estratégia é diversificar e otimizar
Mina de Salobo: O metal essencial da nova economia
Eldorado Brasil Celulose: Resultados históricos e planos de longo prazo
PetroReconcavo: Júnior com alma de veterana
Vipal: O caminho sustentável dos pneus no Brasil
Bayer: Inovação no campo em busca de produtividade e sustentabilidade
Fleury: Uma jovem centenária
Localiza: Motores rodando em tempos de juros altos
Totvs: A queridinha dos investidores
Telmex/Claro: Transformação e consolidação na conectividade
Azzas 2154: A complexa união de estrelas da moda brasileira
MRS Logística: Modernização da frota e da malha no centro da estratégia
Lojas CEM: O varejo tradicional mostra sua força
Marco Polo: Mudança de rota com destino certo

+ AS 1000 MAIORES EMPRESAS, EM RECEITA

Publicado em VEJA, outubro de 2025, edição VEJA Negócios nº 19

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