Terminais privados bancam reforma no Porto de Santos para reduzir fila
Setor vai doar R$ 750 mil para obra em píer de uso exclusivo da Petrobras na tentativa de reduzir espera de atracação, que chega a 25 dias
Os terminais privados que atuam no Porto de Santos vão bancar uma reforma de 750 mil reais no píer 1, no cais de Alemoa, para tentar desafogar a fila de navios na região. O presidente da Associação Brasileira de Terminais Líquidos (ABTL), Carlos Kopttike, diz que a fila já chegou a atingir 25 dias de espera e nesta semana estava em 18 dias por conta de avarias no berço do porto. Os terminais acertaram a doação dos recursos para a obra há dois meses e a autorização da autoridade portuária (SPA) foi dada somente agora. A empreiteira contratada iniciou a montar o canteiro de obras nesta semana.
A deterioração no maior porto da América Latina está atingindo especialmente a indústria química, com dificuldades para atracar navios tanto do lado de Alemoa quanto da Ilha de Barnabé. Os berços de atracação de Barnabé serão reformados porque estavam quase caindo e as obras não podiam esperar, limitando a capacidade de movimentação. Do lado direito, em Alemoa, houve uma avaria no dolphin do Píer 1, restringindo a atracação de navios de porte acima de 225 metros. Este píer é de uso exclusivo da Transpetro, empresa da Petrobras, que tem navios maiores e passou então a usar o píer 2, onde tem preferência de atracação. Com isso, os navios foram enfileirando no mar de Santos. Mesmo sendo de uso exclusivo da Petrobras, o setor privado resolveu tomar a frente da obra no píer 1 em função da demora na resolução do problema. A SPA alega que fez uma licitação para a obra, mas as ofertas ficaram acima do orçado pela autoridade obrigando a companhia a reiniciar o processo.
A Santos Port Authority dizia oficialmente até mês passado que a fila no Porto de Santos, causada pela restrição no píer 1, não durava mais de cinco dias. Questionada novamente sobre os terminais alegarem que a duração das filas chegou a 25 dias, a autoridade alega que o problema das filas no píer da Alemoa é histórico. “Decorre da expansão de tancagem fora do Porto Organizado desalinhada do planejamento portuário. A SPA controla unicamente a eficiência de operação nos berços. Para atender a demanda, a única solução é a construção de novos berços, que sempre foi uma das prioridades dessa gestão e endereçada no Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto (PDZ), aprovado neste ano”, defende.
A licitação mencionada pela SPA, no entanto, não atende os interesses dos terminais, segundo o presidente da ABLT. Ele diz que os dois novos berços previstos serão usados apenas por quem vencer a licitação. A SPA rebate dizendo que a construção vai aumentar em 80% a capacidade de movimentação de líquidos na Alemoa. “As regras para uso dos berços constarão do edital de licitação que ainda não foi publicado pela Antaq, a agência de transportes aquaviários, responsável pelo processo licitatório”, diz. Os terminais alegam que eles mesmos queriam investir nos novos berços cerca de 300 milhões de reais e depois serem ressarcidos com desconto nas tarifas. Legalmente, a SPA diz que isso não é possível porque inclusive teria dinheiro para a obra. Enquanto isso, seguem as filas no Porto de Santos.