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Gargalo no Porto de Santos forma fila de espera de até 22 dias

Estruturas desgastadas exigem espera para navios com produtos líquidos desembarcarem no maior porto da América Latina. Por lá, só a Petrobras tem prioridade

Por Josette Goulart Atualizado em 9 out 2020, 20h05 - Publicado em 9 out 2020, 17h24

A estrutura do maior porto da América Latina está tão defasada que os navios que transportam líquidos estão tendo de esperar até 22 dias nas águas para poder desembarcar suas cargas no cais do lado direito do Porto de Santos, na Alemoa. A conta é feita por agentes e terminais portuários e não leva em consideração os navios da Petrobras, que têm prioridade na descarga e que por isso furam a fila assim que chegam na região. Ontem, 27 navios estavam na fila. A situação já fez muitos clientes abandonarem o porto como rota de logística e a desviarem seus navios para os portos da Bahia e de Paranaguá, no Paraná.

A Santos Port Authority (SPA), antiga Codesp, alega que a média de espera no Píer 1 da Alemoa é de cinco dias e que muitas vezes o agente marítimo pede a atracação, mas por algum motivo comercial desiste e por isso vai para o fim da fila. A autoridade portuária informa ainda que esse píer está com uma “restrição momentânea” permitindo apenas navios com no máximo 225 metros e isso afetou em cerca de 30% as atracações solicitadas para aquele cais. Só que a SPA não menciona que esta restrição no Píer 1, que antes era o único cais preferencial para Petrobras, está afetando o Píer 2, que era o cais com atracação por ordem de chegada para todos os navios. As grandes embarcações da estatal, acima dos 225 metros, agora atracam no Píer 2 e passam dias descarregando, agravando a situação da fila.

Segundo relatos de agentes marítimos e funcionários de terminais líquidos, o problema “momentâneo” do Pier 1 já vem desde o fim de 2018, quando o dolphin de amarração — estruturas que servem para prender as embarcações — estragou e acabou limitando a atracação de navios de grande porte. No fim de 2019, as defensas do Píer 2, que servem para proteger o casco dos navios, quebraram e o cais ficou fora de combate por dias. Em junho deste ano, nova parada para manutenção. Em agosto, outra manutenção. Além do problema estrutural, agentes dizem que o porto tem problemas de operação já que as linhas de vazão dos líquidos não são das mais eficientes. A vazão é como uma mangueira que carrega o líquido do navio para terminais em terra. Quanto menor a vazão, mais demora para o líquido ser transportado. 

A situação logística se agrava para as indústrias de produtos químicos por conta da reforma no lado esquerdo do porto, na Ilha de Barnabé, onde operam terminais químicos. Serão reformados os berços São Paulo e Bocaina e, durante as obras, pelo menos um deles estará fora de operação nos próximos 16 meses reduzindo em pelo menos 20% a capacidade de operação. De qualquer forma, a obra não podia esperar porque o porto estava quase que literalmente caindo. Já na Alemoa, estruturalmente, a situação não é tão grave, mas causa diversos problemas de operação. O Porto de Santos é administrado pelo governo federal e, segundo porta-voz oficial, a autoridade portuária fez uma licitação no ano passado para a instalação de um novo terminal para granel líquido. Até o primeiro trimestre de 2021, garante que serão licitadas duas novas áreas na Alemoa, com investimentos previstos de R$ 1,4 bilhão. Conforme identificado no Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto de Santos, recém-aprovado pelo Ministério da Infraestrutura, é necessário ampliar a capacidade de movimentação dessas cargas. A previsão é de que a capacidade para graneis líquidos aumente em 40%, em 2024. A autoridade portuária fala de nova capacidade “já em 2024”. Os agentes marítimos que estão com os navios em espera falam de uma licitação “só em 2021”.

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