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Superquarta: Mercado espera alta de juros no Brasil e corte nos EUA

Participantes de mercado aguardam anúncio sobre condução da política monetária nos EUA e no Brasil

Por Juliana Machado 18 set 2024, 08h12

O dia mais aguardado por investidores e analistas chegou. A chamada superquarta reserva a participantes de mercado anúncios importantes sobre o futuro da política monetária nos EUA e no Brasil – desta vez, com possíveis e aguardadas mudanças no rumo da taxa básica de juros tanto aqui, quanto lá fora.

Às 15h, os investidores vão conhecer a decisão do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, a respeito dos juros na maior economia do mundo. Segundo a ferramenta CME FedWatch, que avalia dados implícitos nos preços dos contratos de juros futuros, a expectativa majoritária do mercado é de que a autoridade americana reduza as chamadas Fed Funds em 0,50 ponto percentual, retirando a taxa do intervalo de 5,25% e 5,50% ao ano para a faixa de 4,75% a 5% ao ano. Em seguida, às 15h30, olhares atentos dos investidores se voltam para a coletiva de Jerome Powell, presidente do Fed, que trará importantes comentários não apenas sobre a decisão, como sobre as perspectivas adiante.

Se confirmado, o corte de juros nos EUA será o primeiro feito pelo Fed desde 2020, quando o mundo vivia a pandemia da Covid-19. O movimento já era esperado por participantes do mercado desde o fim do ano passado, mas foi adiado, até aqui, pela visão do Federal Reserve de que o nível da inflação americana não permitia um afrouxamento monetário. Desde a última reunião do Fed, porém, isso mudou, e tanto Powell quanto outros membros da entidade deram sinalizações ao mercado de que, agora, o jogo mudou.

“O ciclo atual de cortes de juros ocorre em um ambiente mais confortável do que em outros períodos da história dos EUA, com o consumo das famílias permanecendo resiliente, enquanto o desemprego e o ritmo de criação de vagas seguem em níveis saudáveis”, afirmam os analistas Marcel Zambello e Luiza Paparounis, do BTG Pactual, em relatório. “Nosso cenário-base para este ciclo é que a economia conseguirá alcançar um pouso suave, o segundo da história, com a inflação convergindo para a meta sem provocar uma recessão.”

Desce lá, sobe aqui

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Se a economia americana passa por uma acomodação a ponto de permitir um corte mais firme dos juros, o mesmo não se pode dizer do Brasil, que está na outra ponta do ciclo. Por aqui, no fim do dia de hoje, os investidores devem conhecer a decisão do Banco Central para a Selic, em um anúncio que deve ser recheado de sinalizações importantes a respeito do fortalecimento da atividade – e, consequentemente, da inflação. A maioria das expectativas aponta para um aumento da taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, de 10,5% ao ano para 10,75%.

No caso brasileiro, as perspectivas são de que o ciclo de aperto monetário seja curto e lento, mas tudo dependerá de fatores-chave para a economia, que incluem não apenas a trajetória da inflação e do crescimento, como também a agenda fiscal – o maior calcanhar de Aquiles do Brasil. Isso porque, sem uma frente fiscal comprometida e pragmática, a política monetária local terá que ser cada vez mais dura para controlar as pressões inflacionárias, ainda que pudesse se beneficiar do afrouxamento realizado lá fora.

“Estamos cientes de que o Copom [Comitê de Política Monetária] estará elevando os juros enquanto o Fed e a maioria dos países desenvolvidos estão reduzindo taxas. Ele [Copom] poderia esperar um pouco mais, mas a dinâmica doméstica macro, fiscal e financeira estão de tal forma que o Copom está em risco de perder credibilidade se não reagir à clara deterioração do balanço de riscos para a inflação”, afirmam os economistas Alberto Ramos, Sergio Armella, Santiago Tellez e Jorge Moscoso, do Goldman Sachs, em relatório.

Mas a necessidade de alta da Selic não é vista com unanimidade por aqui. Para alguns economistas, há espaço para manter a taxa estável, principalmente considerando o alívio cambial promovido por um corte de juros pelo Fed. “Acreditamos que esse evento traz mudanças no cenário global que devem influenciar a condução da política monetária em vários países, inclusive no Brasil”, diz a equipe econômica do C6 Bank, liderada por Felipe Salles, em nota. “Na nossa, visão, o dólar global deve continuar enfraquecendo e aliviar as pressões sobre o real.”

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