Numa reversão do quadro verificado nos últimos quatro anos, os carros produzidos no país atualmente são menos brasileiros. O aumento de peças e matérias-primas importadas está reduzindo o índice de nacionalização dos veículos, embora o dado ainda não apareça nas estatísticas oficiais desse setor da indústria.
Cálculos realizados pelo Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) indicam que, em média, mais da metade dos materiais que compõem o preço de venda dos automóveis vem de fora do país, principalmente para modelos recém-lançados. Em 2004, a média era de 40%.
As montadoras relatam índices de nacionalização acima de 60%, com exemplos que passam de 90%, como no Mille e no Gol. O cálculo, porém, não leva em conta o que seus fornecedores importam. Se a fabricante compra um motor montado no Brasil, ele é considerado nacional. Mas, dentro dele, há vários componentes importados pelo fornecedor ou subfornecedor.
“O carro está menos brasileiro e, se não houver fiscalização, um dia ele será 100% importado”, diz o presidente do Sindipeças, Paulo Butori. A Agrale, por exemplo, fabricante de caminhões, tratores e ônibus, traz da China rolamentos e tanques de combustível. Custa até 30% mais barato que o produto nacional.
(Com Agência Estado)