Queda do setor de serviços em setembro indica desaceleração da retomada
Atividades vinham de cinco meses consecutivos de alta; resultado mostra o desafio da retomada pós-Covid e com aumento da inflação e insegurança fiscal

O setor que mais sofreu em 2020 era o que vinha dando sustentação para a recuperação da economia deste ano. Depois de cinco meses de altas consecutivas, porém, os serviços recuaram 0,6% em setembro e ligam um sinal de alerta. Segundo dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira, 12, o segmento está 3,7% acima de fevereiro de 2020, considerado patamar pré-pandemia. Porém, o resultado mostra os desafios para a recuperação da economia em momentos de preços mais altos e de aumento da instabilidade em torno dos indicadores econômicos.
Os dados vieram muito abaixo da expectativa do mercado, que projetava alta de 0,5% no resultado do mês. Vale lembrar que setor de serviços é o maior do PIB brasileiro. “É seguro dizer que a economia parou no trimestre encerrado em setembro”, afirma André Perfeito, economista-chefe da Necton. Na média trimestral, o setor avançou 0,3% no trimestre. Outras atividades, como serviços e indústria, recuaram no período, mostrando um fraco desempenho do PIB no trimestre. Com o avanço da vacinação, era esperado que esse trimestre pudesse ser de plena recuperação, porém, a conjuntura desafiadora, com disparada da inflação e a política enveredada ao chamado populismo fiscal, desafiam a retomada.
“A queda do setor de serviços se deu de maneira relativamente disseminada”, afirma o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo. Ao todo, quatro das cinco atividades investigadas pela pesquisa acompanharam o recuo, com destaque para os transportes (-1,9%), que tiveram a taxa negativa mais acentuada desde abril do ano passado (-19,0%). “O principal impacto negativo nessa queda do setor de serviços veio dos transportes, que foram influenciados pelas quedas no transporte aéreo de passageiros, devido à alta de 28,19% no preço das passagens aéreas, no transporte rodoviário de cargas e também no ferroviário de cargas”, explica. As outras atividades que recuaram no período foram outros serviços (-4,7%), informação e comunicação (-0,9%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,1%).
Com a sexta taxa positiva consecutiva, o setor de serviços prestados às famílias (1,3%) foi o único a avançar na passagem de agosto para setembro. “Esses são justamente os serviços que mais sofreram com os efeitos econômicos da pandemia e têm mostrado algum tipo de fôlego, de crescimento. Com o avanço da vacinação e a flexibilização das atividades econômicas, as pessoas voltam a consumir com maior intensidade serviços de alojamento e alimentação”, afirma Lobo, que destaca que o setor ainda está 16,2% abaixo do patamar pré-pandemia.
Em setembro, houve recuo em 20 das 27 unidades da federação, na comparação com o mês anterior. O maior impacto veio de São Paulo (-1,6%), seguido por Minas Gerais (-1,3%), Rio Grande do Sul (-1,3%), Pernambuco (-2,2%) e Goiás (-2,2%). Já Rio de Janeiro (2,0%), Distrito Federal (2,9%) e Mato Grosso do Sul (3,6%) tiveram as maiores altas.
Frente a setembro do ano passado, o volume de serviços avançou 11,4%, sétima taxa positiva consecutiva. No ano, o setor acumula ganho de 11,4% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Já o acumulado em 12 meses atingiu 6,8%, a taxa mais intensa da série histórica, iniciada em dezembro de 2012.
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