Segundo leilão da Fazendas Boi Gordo levanta R$ 67,5 milhões
Duas das três propriedades foram arrematadas, com ágio foi de aproximadamente 80%. Credores deverão ser ressarcidos no segundo semestre

Os duplamente enganados
A empresa faliu e deixou cerca de 32.000 investidores sem receber nenhum centavo – um prejuízo de 4,5 bilhões de reais, em valores atualizados
Quanto perderam algumas das vítimas
Evair 5.692.000 Edilson 3.600.000 Felipão 2.259.000 Marisa Orth 943.000 Erasmo Carlos 398.000 Vampeta 336.000 Hans Donner 207.000 Cesar Sampaio 101.000
O segundo leilão de propriedades agrícolas da massa falida da Fazendas Reunidas Boi Gordo, empresa condenada pela prática de pirâmide financeira, levantou, ao todo, 67,5 milhões de reais. Das três propriedades agrícolas postas à venda no Mato Grosso, uma – a Fazenda Santa Cruz, de 2.105 hectares – não teve interessados e irá a novo pleito futuramente – o lance mínimo era de 6,452 milhões de reais.
A Fazenda Aguapeí (localizada no Porto Esperidião), com área total de 13.602 hectares, avaliada inicialmente em 33 milhões de reais, foi arrematada pelo arrendatário, que exerceu seu direito de preferência, por 60 milhões de reais. Já a Fazenda Manacá, de 1.293 hectares, na Chapada dos Guimarães, avaliada inicialmente em 3,93 milhões de reais, foi arrematada por 7,05 milhões. Ambas foram vendidas com praticamente 80% de ágio. O valor das vendas será utilizado para pagamento das dívidas da massa falida das Fazendas Reunidas Boi Gordo.
Segundo o síndico da massa falida, Gustavo Sauer, o leilão “foi um sucesso absoluto e superou as expectativas, o que demonstra que estamos no caminho certo”. A expectativa é ressarcir os credores trabalhistas da empresa no segundo semestre.
O primeiro leilão de propriedades da Boi Gordo aconteceu em meados de maio, quando foram arrecadados 52,9 milhões de reais.
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Demora – Dez anos depois de as Fazendas Reunidas Boi Gordo ter sua falência decretada pela Justiça, os investidores poderão começar a ver a cor do dinheiro aplicado na empresa. Condenada por prática de pirâmide financeira, ela prometia rendimentos de 40% para os investidores. Como todo esquema semelhante, a Boi Gordo só se alimentava do dinheiro de novos entrantes ao sistema e não tinha sustentabilidade financeira para cumprir as promessas de lucro. A empresa pediu concordata em outubro de 2001, mas foi considerada falida apenas em fevereiro de 2004. No ato da dissolução da companhia, as dívidas eram de 2,5 bilhões de reais.
A Justiça tenta agora levantar dinheiro para pagar ao menos parte dos débitos com investidores. Um leilão de três das 14 fazendas da massa falida, nos Estados de Mato Grosso e São Paulo, será realizado em 15 de maio na capital paulista.
O caso Boi Gordo é um exemplo do que pode acontecer com quem investiu em empresas que estão sendo investigadas de prática de pirâmide, como a TelexFree. Caso ocorra a condenação, os prejudicados podem ter de esperar mais de uma década para reaver seus milhares de reais.
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No fim do ano passado, Kleverson Scheffer, filho do “Rei da Soja”, Eraí Maggi, arrematou a Fazenda Buriti, localizada entre Chapada dos Guimarães e Campo Verde. A propriedade fazia parte da massa falida das Fazendas Reunidas Boi Gordo. Kleverson, que já era arrendatário da fazenda, deu lance de 15 milhões de reais, ágio de 40% sobre o preço mínimo de 11 milhões de reais. A fazenda tem 1.085 hectares.
O leilão aconteceu na Casa de Portugal, no bairro paulista da Liberdade. Outras fazendas da Boi Gordo devem ser postas à venda em breve.






