Retaliação da União Europeia aos EUA deve afetar Brasil
Imposto extra sobre produtos americanos e salvaguardas planejadas pelo bloco econômico para evitar excesso de oferta devem impactar vendas nacionais
A possível retaliação da União Europeia ao aumento de impostos sobre o aço e alumínio importados anunciado pelos Estados Unidos deve ter consequências para o Brasil. Isso porque dentre as medidas anunciadas pelo bloco econômico europeu estão a adoção de novas regras contra produtos estrangeiros, como protesto e forma de proteção ao aumento excessivo de oferta, o que afetaria as exportações brasileiras.
Na quarta feira, a União Europeia detalhou que pretende agir em três frentes em resposta à sobretaxação americana: aplicar tarifas sobre produtos estratégicos, adotarde medidas de salvaguarda e uma demanda junto à Organização Mundial do Comércio (OMC).
As áreas da economia americanas afetadas pelo aumento de tarifas seriam tanto a indústria metalúrgica quanto setores simbólicos da indústria e da agricultura dos Estados Unidos – com baixo impacto sobre os consumidores europeus. Em paralelo, medidas de salvaguarda contra o aço e o alumínio produzido em países como Canadá, China e Brasil poderiam ser adotadas para evitar a “invasão” do mercado europeu.
A estratégia adotada pelos europeus acabará tendo um impacto negativo para as exportações brasileiras. Setores como o do aço, tabaco, suco de laranja, têxteis e calçados podem ser afetados. Bruxelas indicou que ainda está examinando qual seria a lista de produtos que seriam alvo de uma retaliação. O problema é que, pela lei, a imposição de uma salvaguarda exigirá que a UE aplique a mesma tarifa para todos os governos, inclusive o Brasil.
A Europa é, por exemplo, o principal comprador do suco de laranja nacional, respondendo por cerca de 70% das vendas ao exterior. A lista preliminar dos europeus também inclui sapatos de couro, tabaco e outros produtos que também são exportados pelo Brasil.
Impacto bilionário
Dentro do governo brasileiro, técnicos começam a avaliar qual seria o impacto de uma medida europeia em determinados setores. Alguns negociadores brasileiros já apontam que, se tudo isso for implementado, as perdas para o Brasil poderão ser bilionárias. Por enquanto, o governo brasileiro está apenas aguardando o anúncio pela Casa Branca.
As linhas gerais do plano apresentado pela comissária europeia do Comércio, Cecilia Malmströmas prevê uma cesta de produtos no valor de 2,8 bilhões de euros (11,24 bilhões de reais) – o estimado das barreiras americanas.
Diplomatas brasileiros também já deixaram claro de maneira informal aos europeus sua preocupação com o impacto em cascata que retaliações poderiam ter.
China
Além dos integrantes União Europeia e do Brasil, outros paises se manifestaram contra o aumento de impostos pretendido pelo governo americano. O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, afirmou nesta quinta-feira que o país pode adotar retaliações, caso o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, leve adiante a ameaça de impor tarifas à importação de aço e alumínio. “A história ensina que guerras comerciais nunca são a solução correta”, disse. “No caso de uma guerra comercial, a China dará as respostas apropriadas e necessárias.
O ministro falou durante entrevista coletiva num intervalo da reunião anual do Congresso Nacional do Povo em Pequim. “Ver a China como um rival que tenta superar os EUA é um erro de percepção estratégica fundamental”, afirmou Wang. “A China e os Estados Unidos podem competir sem necessariamente ser oponentes, eles devem ser mais parceiros”, comentou. “Especialmente no mundo globalizado de hoje, uma guerra comercial é a receita errada.” Fonte: Dow Jones Newswires.