Relação entre agricultura e queimadas é distorcida, diz Tereza Cristina
Em viagem pelo Oriente Médio, ministra da Agricultura, tenta melhorar imagem do país após ambiental crise internacional

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse para uma plateia de empresários e autoridades locais, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, que “a associação internacional entre a produção de alimentos no Brasil e o desmatamento e queimadas na Floresta Amazônica são distorções que, nem de longe, correspondem à realidade”, afirmou no domingo, 22.
Como mostra reportagem de VEJA desta semana, a visita da ministra aos países do Oriente Médio tem servido não apenas para fechar acordos comerciais, mas também para tentar melhorar a imagem do agronegócio do país, após as queimadas na Amazônia virarem notícia em todo o mundo.
Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) revelam que desde janeiro foram registrados 83.329 focos de incêndios florestal no Brasil, o que representa um aumento de 77% em relação ao mesmo período de 2018. A elevação dos focos de incêndio na floresta geraram crise diplomática no final de agosto, inclusive com empresas anunciando a suspensão de compras de produtos do país, como a H&M.
Tereza Cristina afirmou que o Brasil desenvolve políticas e mecanismos para proteger o meio ambiente ao mesmo tempo em que busca aumentar a produtividade e qualidade da sua agropecuária. Ela disse ainda que a preservação ambiental é uma preocupação não apenas do governo brasileiro, mas dos próprios produtores rurais. Em entrevista a VEJA publicada na edição desta semana, a ministra disse que “não houve, até o momento, perdas nas exportações. Foi uma crise de imagem com riscos contidos. Tivemos de explicar que o agronegócio não é responsável por desmatamento ilegal. Exageros e distorção de informações são usados por concorrentes para nos prejudicar.”
Ao falar sobre as oportunidades de comércio entre os Brasil e os Emirados, a ministra disse no domingo que o potencial de comércio e investimentos entre o Brasil e os Emirados Árabes precisa ser aprofundado. “Existem oportunidades ao longo de toda a cadeia produtiva do agro: insumos, maquinário, produção, processamento, estocagem, distribuição, transporte, pesquisa, tecnologia e inovação”. Ela também citou possíveis projetos na área de infraestrutura.De acordo com o ministério, o comércio entre o Brasil e os Emirados Árabes gira em torno de 2,5 bilhões de dólares, sendo que praticamente a metade corresponde a produtos agrícolas. Frango, açúcar e carne bovina respondem por 77% de tudo o que o Brasil exporta para os Emirados.