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Razão de superávit abaixo do esperado foi greve de caminhoneiros, diz BC

Exportações caíram 2,8% em maio em relação ao mesmo mês do ano passado, na primeira redução desde dezembro de 2016

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 25 jun 2018, 18h36 - Publicado em 25 jun 2018, 16h46

O chefe do departamento de estatísticas do Banco Central (BC), Fernando Rocha, afirmou nesta segunda-feira, 25, que o superávit em conta corrente — que registra as transações comerciais do Brasil com o exterior — de maio, de 729 milhões de dólares, ficou abaixo do projetado pelo BC (2,5 bilhões de dólares positivos) em função dos impactos trazidos pela greve dos caminhoneiros.

“As exportações foram afetadas pela greve dos caminhoneiros. Elas caíram 2,8% em maio em relação a maio de 2017, na primeira redução desde dezembro de 2016″, pontuou Rocha.

Ele destacou ainda que, nas três primeiras semanas de maio, antes da greve dos caminhoneiros, a média diária de exportações foi de 1,070 bilhão de dólares. Nas duas últimas semanas de maio, porém, já com a greve, a média diária de exportações caiu cerca de 37%, para 671 milhões de dólares. “Houve impossibilidade de transporte de mercadorias, para que chegassem aos portos”, citou.

Rocha disse, porém, que o efeito da greve tende a se dissipar ao longo do tempo. “Em junho, a recuperação das exportações ocorreu de forma gradual. Na primeira e na segunda semana de junho, ainda houve exportações abaixo da média pré-greve dos caminhoneiros”, disse. Segundo ele, com a recuperação a ser vista nas semanas seguintes, a estimativa do BC para conta corrente em junho é de estabilidade.

Revisão

Rocha destacou ainda que o resultado das transações correntes em maio foi o terceiro superávit seguido. Ele explicou ainda que, originalmente, o resultado de fevereiro havia sido divulgado como positivo, mas que houve uma revisão dos números.

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“O Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Externo divulgou revisão nos dados de importação de fevereiro, com aumento no número de importações, no valor de 1,886 bilhão de dólares. Isso se deve a um registro de importação que não tinha sido registrado no tempo hábil”, afirmou. “Assim, revisamos os dados de conta corrente em fevereiro em razão de revisão feita pelo MDIC”, acrescentou.

Pelos dados atualizados do BC, houve déficit em conta de 1,754 bilhão de dólares em fevereiro.

Viagens internacionais

O dólar mais caro já faz com que brasileiros sejam mais cautelosos nos gastos em viagens no exterior. Dados apresentados pelo Banco Central mostram que as despesas de turistas em viagem internacional cresceram 8% em maio na comparação com 2017. O ritmo é inferior ao observado nos quatro primeiros meses do ano, quando as despesas cresciam a uma velocidade próxima de 11%.

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“Está havendo, de fato, desaceleração no ritmo das despesas nas viagens internacionais. Isso é esperado diante da desvalorização do câmbio”, disse o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, ao comentar que o dólar alto normalmente reduz o ritmo do crescimento das despesas antes de diminuí-las. “O câmbio alto faz com que desacelere o ritmo de crescimento das despesas”, explicou, ao citar ainda que pode ter havido algum movimento pontual de compra de dólares pelos turistas, o que reduz os gastos no exterior.

Ano

Apesar dessa desaceleração destacada pelo técnico do BC, os números do acumulado do ano ainda apontam para recuperação. De janeiro a maio, a conta de viagens acumulou déficit de 5,224 bilhões de dólares e o segmento de transportes acumulou saldo negativo de 2,550 bilhões de dólares. Os dois números, disse Rocha, são os maiores déficits para o período desde 2015.

Economistas dizem que essas contas normalmente voltam a ficar no vermelho com a recuperação da economia, o que aumenta a disponibilidade de renda para os turistas e, ao mesmo tempo, eleva gastos de empresas com o transporte.

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