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Proposta de autonomia do BC prevê meta para aumentar emprego

Governo pretende acrescentar meta de crescimento econômico às atribuições do Banco Central, de modo semelhante ao Federal Reserve nos Estados Unidos

Por Estadão Conteúdo
21 fev 2018, 09h32

A proposta do governo de autonomia do Banco Central será ampla e vai prever até mesmo o chamado “duplo mandato”: um olho no controle de preços e outro no crescimento econômico para garantir emprego. Esse modelo é semelhante ao adotado pelo Federal Reserve (Fed), o BC norte-americano.

Nos Estados Unidos, o Fed tem a missão não só de zelar pela estabilidade de preços, mas também de buscar o máximo de empregos, ou seja, inflação baixa e crescimento forte.

 

As informações sobre as diretrizes do projeto foram dadas pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (MDB-RR). A iniciativa tenta dar mais previsibilidade a investidores e empresas. Se aprovada, essa será a maior mudança na regras da política monetária após a adoção do regime de metas de inflação pelo Brasil, em 1999.

Desde então, a instituição presidida por Ilan Goldfajn tem como único objetivo previsto em lei cumprir a meta anual de inflação. Para atingir esse objetivo, o BC tem como principal ferramenta o juro anunciado a cada 45 dias.

Ao longo desses quase 20 anos, foram várias tentativas de garantir independência em meio às suspeitas sucessivas de influência do Palácio do Planalto nas decisões sobre a taxa Selic. Diante desse histórico, o líder do governo defende que a autonomia do BC é a medida macroeconômica mais importante após a desistência da reforma da Previdência.

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Ainda não há definição sobre qual parâmetro será usado para que o BC cumpra uma meta relacionada à atividade. “É importante ter um indicador. No Fed, é o mercado de trabalho. Aqui, vai ser crescimento ou mercado de trabalho? Não tem a receita pronta”, disse Jucá, ao comentar que o tema também será debatido em audiências públicas.

Reação

Jucá reconhece que, nas conversas preliminares, o BC “reage um pouco” à ideia de meta para o crescimento. “Mas temos que discutir uma forma de incluir isso. Agora é o momento porque temos resultado econômico que propicia isso”, disse, ao reforçar a expectativa pela aprovação com o argumento de que a retomada do crescimento com inflação baixa favorecem a iniciativa.

O projeto em elaboração prevê mandatos diferenciados para os diretores e o presidente do BC, com prazos entre 2 anos e 4 anos para que não sejam coincidentes com o mandato do presidente da República. Os prazos também serão debatidos nas audiências públicas. Nesse debate, o BC quer um período de transição. “Como é muito cuidadoso, Ilan defende transição sem mandato. É para não parecer que ele está trabalhando em causa própria”, disse o senador.

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Também haverá autonomia financeira para o BC “não ficar asfixiado do governo”. Essa é uma demanda antiga que nunca avançou em Brasília.

A proposta de novo funcionamento do BC será apresentada até o final desta semana em um Projeto de Lei Complementar que consolidará todas as propostas sobre o tema que tramitam no Congresso. Essa opção evita o caminho de um Projeto de Emenda à Constituição (PEC), que não pode tramitar diante da intervenção na segurança do Rio de Janeiro.

Jucá conversou sobre a proposta com o presidente do BC, além do presidente do Senado, Eunício Oliveira e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia

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