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Produção sobe e vendas caem: o janeiro das montadoras após saída da Ford

Com setor em suspense pelo temor de nova debandada, balanço de janeiro mostra queda nas vendas e crescimento da produção, ainda que estoques estejam baixos

Por Diego Gimenes
Atualizado em 4 fev 2021, 20h05 - Publicado em 4 fev 2021, 16h27

A saída da Ford do Brasil ainda é o principal assunto do setor automotivo. Ícone do capitalismo do século XX, a montadora atuava há mais de 100 anos no país e foi a pioneira em produzir carros por aqui. A partir deste ano, sem o volume de produção da estadunidense — que entregou pouco mais de 100 mil unidades em 2020 — e com a demissão de 5 mil trabalhadores, a indústria vai tentar juntar esforços para atravessar por mais um momento sombrio e de muitas dúvidas. Em janeiro, foram licenciados 171 mil autoveículos, queda de 11,5% em relação ao mesmo período de 2020. Ainda que tenham sido produzidas 199,7 mil unidades, o crescimento de 4,2% sobre janeiro passado é reflexo dos baixíssimos estoques da cadeia.

As estimativas apontam que as fábricas têm apenas 18 dias de estoque — ante 17 no mês de dezembro. O setor sofre com a falta de alguns insumos, em especial semicondutores, desde novembro. O baixo número de veículos nos depósitos e o agravamento da pandemia, que prejudica atividades industriais e comerciais em algumas regiões do país, colocam um ponto de interrogação para a indústria em 2021. Ainda assim, as exportações cresceram 21,9% no período.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), responsável pelos números da cadeia, elaborou um estudo em que afirma que a indústria é “exageradamente tributada, pouco incentivada e gera retornos espetaculares ao país sob todos os ângulos de análise”. A análise leva em conta que desoneração fiscal sobre arrecadação tributária do setor foi de 8% na última década, enquanto a de todas as outras esferas econômicas no país foi de 18%.

O estudo alega ainda que a desoneração tributária de 6,8 bilhões no período de 5 anos do programa Inovar-Auto (2013 a 2017) teria resultado em uma economia de 35 bilhões em combustíveis aos donos desses novos veículos no período, e ainda seria responsável por reduzir a emissão de CO2 em 2 milhões de toneladas por ano, o equivalente ao plantio de 14 milhões de árvores. Uma das contrapartidas para receber benefícios era produzir veículos menos poluentes. A entidade ainda lembra que o número de exportações subiu de 443 mil para 766 mil unidades no período. Fato é que a alta carga tributária de 44% sobre o preço do automóvel — o dobro do praticado na maioria dos países da Europa e mais que isso para casos como Japão e EUA — afasta novos investimentos no país.

Vale lembrar que, além da Ford, a Mercedes também encerrou a produção no Brasil e a Audi ainda negocia com o governo a restituição de créditos de IPI do Inovar-Auto para retomar as atividades. A empresa alega que pagou além do que era devido. “É importante frisar que o governo não tira dinheiro do bolso ou dos contribuintes para doar a indústrias. Ele abre mão de parte da arrecadação de impostos para compensar algumas deficiências estruturais, e também para estimular regiões ou desenvolvimentos tecnológicos”, afirma Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea. Com ou sem incentivos, o momento do setor demonstra a necessidade urgentemente de novos rumos antes que outras companhias abandonem o Brasil, o que diminuiria ainda mais a entrada de capital no país e agravaria o desemprego.

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