O aumento do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) de 0,54% em maio em relação a abril, divulgado nesta segunda-feira, 15, pelo Banco Central, foi um dos primeiros sinais positivos do ano na economia brasileira. Entretanto, ainda não há cenário para comemoração. Isso porque a alta do indicador ocorre num momento em que a economia vinha muito fraca, de acordo com especialistas.
“A base de comparação é baixa. A atividade econômica registrou quatro meses de retração. Então, a reação de alguns setores em maio ajudam o indicador a crescer”, afirmou Luana Miranda, pesquisadora da área de economia aplicada do FGV IBRE. De acordo com a especialista, a reação do comércio, levando em conta o varejo ampliado (que contempla o setor de veículos e material de construção), e dos serviços, que tiveram alta em quatro de cinco categorias, é um dos índices que mostram uma ligeira retomada da economia, ambos de acordo com o IBGE.
“A indústria vem sofrendo muito com o impacto da tragédia de Brumadinho na Vale, mas houve avanço em outros setores da indústria de transformação e que movimentam outros setores da economia”, afirma Luana. Segundo a Pesquisa Industrial Mensal do IBGE, a indústria de bens de capital (que produz máquinas e equipamentos que servem para a produção de produtos finais) subiu 0,5% no período e bens intermediários (utilizados na produção de produtos finais, como tecidos e ligas de aço) tiveram alta de 1,3%.
“Depois de tantos meses de negativa, essa pequena reação oferece um alívio, mas não significa recuperação da economia”, analisa a especialista Luana. No trimestre móvel (março, abril e maio), o IBC-Br ainda registrou queda de 0,99%.
Luana Miranda chama a atenção para o crescimento da atividade econômica em comparação a maio do ano passado – alta de 4,4%. Apesar da base de comparação ser ainda menor – já que em maio de 2018 aconteceu a greve dos caminhoneiros, que impactou a economia –, ela afirma que o dado mostra uma reação da economia.
O IBC-Br, além dos dados da indústria, comércio e serviços, também leva em consideração a agropecuária e o recolhimento de impostos sobre a produção, que também podem influenciar no resultado e trazer números diferentes do produto interno bruto (PIB).
De acordo com analistas econômicos do Mitsubishi UFJ Financial Group, mesmo com o crescimento da atividade em maio, o ritmo trimestral permanece bastante fraco. “Por exemplo, se o IBC-Br em junho mostrar crescimento nulo, então o indicador no segundo trimestre pode mostrar contração próxima a 0,50%. Mas, considerando as diferenças metodológicas como um conjunto mais amplo de informações consideradas pelo PIB e a correspondência entre a oferta e a demanda, esperamos que o produto interno bruto fique em torno de 0%”, informou a instituição, em relatório divulgado nesta segunda-feira.
Crescimento anual
Na semana passada, o governo federal revisou a expectativa para o PIB, de 1,6% para 0,81%, em linha com o que prevê o mercado financeiro. Nesta segunda-feira, o Boletim Focus trouxe a vigésima queda seguida no PIB, estimado também em 0,81% pelos analistas ouvidos pelo Banco Central.
Para Luana Miranda, a previsão da Fundação Getulio Vargas é um pouco mais otimista que a do Boletim Focus e do governo. “Acreditamos em um cenário mais próximo do 1%, com uma reação econômica no segundo semestre, mas motivado por um pequeno aquecimento já no segundo trimestre”, disse.
O banco Mitsubishi espera PIB de 1% neste ano, contando com a retomada econômica no segundo semestre, em meio ao maior otimismo dos empresários, graças à aprovação em primeiro turno da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados.