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Por que o suco de laranja pode virar o novo filé mignon

Preços da fruta disparam por causa da geada na Flórida e seca no Brasil prejudicaram a produção; fatores devem encarecer o produto, o tornando um luxo

Por Luisa Purchio Atualizado em 28 jan 2022, 16h52 - Publicado em 28 jan 2022, 12h03

Nesta semana, o suco de laranja atingiu picos históricos nas bolsas de Nova York. Os contratos futuros fecharam em 161,55 dólares por libra-peso na quinta-feira, 27, a maior cotação desde agosto de 2018. O frio, com possibilidade de geada na Flórida, ameaça a produção da fruta no principal polo produtor dos Estados Unidos, tradicional consumidor do produto. De acordo com o Departamento de Agricultura Americano (USDA), esta deve ser a segunda menor safra desde 2005.

A notícia é péssima para os consumidores, que enfrentarão preços maiores nas gôndolas do supermercado, que já foram afetados por valores muito altos em alimentos como as carnes, por exemplo. Mas é boa para os produtores e principalmente para os exportadores brasileiros do produto. Isso porque conseguem um faturamento por volume, com o aumento dos preços. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior compilados pela Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos, de julho a dezembro do ano passado – meses que marcam os primeiros cinco meses da safra 2021 e 2022 –, as exportações de suco de laranja somaram 802,3 milhões de dólares de faturamento, 11,54% acima do registrado no mesmo período do ano anterior. Se considerada a desvalorização do real no período, a arrecadação na moeda brasileira cresceu ainda mais.

O volume exportado, no entanto, se manteve estável, apenas 0,40% acima do mesmo período da safra passada. “Tivemos uma queda de safra muito grande por conta da seca que aconteceu no final de 2020 e início de 2021. Ela prejudicou muito a primeira florada, que é quando normalmente se concentra a maior produção da fruta. Depois só piorou: mais seca, geada, todos os problemas que podemos imaginar”, diz Ibiapaba Netto, diretor executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR).

De acordo com Netto, as consequências das intempéries climáticas podem se estender para as vendas em 2022. “Temos uma produção muito pequena de fruta neste ano, que faz com que os estoques para a próxima safra fiquem apertados. Ainda não sabemos como será a próxima safra, mas o prejuízo foi grande, porque o número de árvores diminuiu e consequentemente estamos com um menor potencial de produção”, disse ele.

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Mercado nacional

Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq, faculdade de Agricultura da USP, mostram que a compra da laranja pela indústria na última semana custou 29,26 reais por caixa, patamar mais elevado pelo menos desde o início de 2020. Já a laranja pera in natura está cotada a 37,66 reais, abaixo dos picos do último trimestre de 2021.

Para Antonio Carlos Simonetti, presidente da Associação Brasileira de Citros de Mesa (ABCM) e produtor no estado de São Paulo, as vendas voltaram a se recuperar no país devido ao verão, mas estão abaixo do esperado por causa do menor poder aquisitivo do brasileiro. “Temos muitos indicadores para que seja um período bom para o produtor, mas, com a crise econômica, a população está sem dinheiro. Por mais que a laranja seja um item barato, as vendas estão menores”, diz ele.

Os desafios para os produtores passam também pelo aumento dos custos dos combustíveis, fertilizantes e defensivos agrícolas, além da seca. “Neste ano, vamos ter um atraso e um período sem fruta para fornecer no estado de São Paulo, por causa do atraso da florada e pela falta de chuvas. Outras regiões vão ter de fazer o fornecimento, o que aumenta o frete e o custo da mercadoria”, diz Simonetti.

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