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Por que a maior inflação em quase nove anos nos EUA não assustou o mercado

Alta foi de 0,6% em relação a março, porém, pressão inflacionária é menos significativa na base, quando excluídos alimentos e commodities de energia

Por Luisa Purchio Atualizado em 14 abr 2021, 16h53 - Publicado em 13 abr 2021, 12h23

Opiniões bastante diversas têm polarizado as discussões sobre os rumos da economia americana nos últimos meses. Como em uma disputa esportiva, de um lado, o time formado por Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, e pelo presidente dos EUA, Joe Biden, têm fortes convicções de que injetar trilhões de dólares no país são medidas acertadas que impulsionarão o consumo e a criação de empregos no país. Do outro lado, economistas consagrados como Larry Summers e Olivier Blanchard afirmam que as políticas monetária do Fed e fiscal de Biden, ambas expansionistas, acarretarão alta inflação de preços nos Estados Unidos.

Nesta disputa que envolve opiniões e teorias econômicas, os números divulgados pelos órgãos de estatística americanos têm sido decisivos para o placar. Nesta terça-feira, 13, dados divulgados pelo Departamento de Estatísticas do Trabalho (BLS, na sigla em inglês) pontuaram mais uma vez para o time de Powell e Biden. Em março o índice CPI conhecido como “índice cheio”, aumentou 0,6% em relação a fevereiro.

A alta é a maior desde agosto de 2012, quase nove anos atrás, e veio acima da expectativa dos economistas, que esperavam uma variação positiva de 0,5%. Quando levada em consideração o acumulado nos 12 meses, a variação é ainda maior, de 2,6%. Ainda assim, o mercado não reagiu negativamente. A chave desta disparidade está na inflação núcleo, também divulgada nesta terça-feira, 13. Quando desconsiderados energia e alimentos, os preços estão mais estáveis e tiveram uma variação de 0,3% em março em relação ao mês anterior e apenas 1,6% nos últimos 12 meses.

Os juros dos títulos do Tesouro Direto americanos para 10 anos caíam 0,85% e operavam a 1,622% pouco antes do meio-dia no horário de Brasília, um patamar considerado estável pelo mercado. Isso significa que, nesta terça-feira, os investidores não veem aumento do risco inflacionário no país – caso contrário, estaria havendo uma corrida pontual para a compra destes papéis que são considerados os mais seguros do mundo. Como a alta é pontual das commodities, o risco não aumentou com esse dado.

“A inflação americana claramente repercute pressão sobre os preços de commodities de energia, o que também acontece de certa forma no Brasil. Apenas os preços de energia tiveram alta de 5% no mês”, diz Alejandro Ortiz, economista da Guide Investimentos. “O mercado entende que isso é temporário e não tem porque refletir isso nas taxas futuras do país”, diz ele.

Para o mercado financeiro, esta é uma boa notícia, porque reafirma a manutenção dos estímulos monetários do Fed. Ao meio-dia, os principais índices das bolsas de Nova York operavam em patamar estável. A meta inflacionária de Powell é de 2% na média anual, e os índices divulgados hoje mostram que a média dos preços estão bastante aquém deste patamar. Por um bom tempo a injeção de liquidez trilionária de dólares na economia continuará. Até por isso, o índice DXY, que mede a força do dólar, caía 0,12% no horário, a 91,9 pontos, mostrando uma desvalorização da moeda americana no mercado internacional.

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