Plano de mitigação mantém bancos abertos à Petrobras, diz diretor
Companhia vai separar petróleo do excesso de carbono no fundo do mar, injetando o gás no leito marinho

A Petrobras vai perseguir a meta de destinar 15% de seu plano de investimentos (Capex) para projetos de descarbonização da cadeia de produção de petróleo. O Capex total previsto para os próximos cinco anos alcança 78 bilhões de reais.
A afirmação foi feita pelo diretor executivo financeiro da companhia, Sérgio Caetano, durante o Seminário de Investimentos, Governança e Aspectos Jurídicos da Previdência Complementar (Siga), realizado nesta quarta (4), no Rio de Janeiro.
De acordo com o diretor financeiro, a Petrobras tem uma produção de petróleo com baixa pegada de carbono se comparada a outras petrolíferas do planeta.
O gás é considerado o principal ingrediente do efeito estufa, que superaquece o planeta alimentando extremos do clima.
Hoje, cada barril de petróleo possui 36 quilos de carbono, diz Caetano.
Com o agravamento da crise climática e a pressão pela redução nas emissões, empresas do ramo petrolífero já enfrentam cenário adverso para obter recursos de financiamento.
Esse panorama ganhou força principalmente na Europa, onde companhias menores têm dificuldade crescentes de obter crédito com grandes bancos. O problema, segundo Caetano, ainda não afeta a Petrobras, graças ao que classifica como arrojadas metas ambientais.
Em setembro, por exemplo, a companhia anunciou a compra de créditos de carbono na floresta amazônica, sua primeira transação do tipo.
O projeto, batizado de Envira, está localizado no Acre, a 40 quilômetros do município de Feijó.
Trata-se de uma fazenda com 200.000 hectares, dos quais 39.000 hectares são destinados à iniciativa de manter a floresta em pé e protegida, em vez de desmatá-la para outras atividades, gerarando assim os créditos de carbono comprados pela Petrobras.
A empresa também já é a maior produtora e consumidora de hidrogênio da América Latina, combustível encarado como promissor por substituir o petróleo como fonte de energia sem produzir gases do efeito estufa.
E no último dia 28, a companhia assinou junto a Vale um protocolo de intenções voltado para o desenvolvimento de soluções de baixas emissões.
Esse acordo terá duração de dois anos e envolve a avaliação de oportunidades conjuntas de descarbonização.
A parceria prevê iniciativas em áreas como combustíveis sustentáveis – incluindo metanol, amônia verde e diesel renovável – e de tecnologias de captura e armazenamento de CO2.
Para Caetano, a empresa terá papel fundamental no financiamento da transição para a economia sem emissões líquidas, uma meta estabelecida pelo Acordo de Paris e que deve ser alcançada por todos os países até 2050.
“A sociedade ainda precisa da produção de petróleo, que é danosa ao meio ambiente, mas os recursos gerados por essa atividade são fundamentais para financiar as novas tecnologias de baixa emissão”, disse.
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