PIB: com juros altos, investimentos caem 3% em 2023
Para 2024, perspectiva é que os números voltem a crescer
A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) registrou queda de 3,0% em 2023 na comparação com o ano anterior, segundo dados do PIB divulgados nesta sexta-feira, 1, pelo IBGE. O indicador mede os investimentos em ativos que ampliam a capacidade produtiva da economia – como máquinas, equipamentos e construção civil. No ano passado, o destaque negativo foi para a categoria de máquinas e equipamentos, que teve queda de 9,4%.
Segundo Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, o número fraco é consequência das taxas de juros elevadas, que asfixiam a capacidade de investimento das empresas. O mesmo motivo justifica a contração da indústria de transformação, em queda de 1,3% no ano passado.
Para Leal, o maior destaque no PIB de 2023 é o desequilíbrio entre indicadores: de um lado, a queda de 3%, de outro, também no campo da demanda, alta de 3,1% no consumo das famílias. O crescimento do consumo possui três raízes principais: melhora nas condições do mercado de trabalho, os programas de transferência de renda do governo e enfraquecimento da inflação. Além disso, o indicador também se beneficiou de resquícios do boom de consumo do pós-pandemia.
Para 2024, a perspectiva é que estes indicadores se reequilibrem, com a volta dos investimentos ganhando força a partir do segundo trimestre. “O efeito da queda dos juros não é imediato. Mas, ao longo do ano, veremos uma recuperação para a indústria de transformação e a Formação Bruta de Capital Fixo”, diz Leal.
Atualmente, a taxa básica de juros da economia, a Selic, está em 11,25% ao ano. De acordo com o último boletim Focus, o mercado espera que a taxa termine o ano a 9%.