Eleições no Brasil e juros dos EUA levam dólar ao menor valor em 5 semanas
Na avaliação do mercado, Haddad não avançou em pesquisas recentes de voto a ponto de ameaçar a vantagem de Bolsonaro
O dólar terminou a quarta-feira (26) com queda superior a 1% e no menor nível em mais de um mês, próximo dos 4 reais, influenciado pelo desempenho de Jair Bolsonaro (PSL) em pesquisa eleitoral e após o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, manter sua previsão sobre a trajetória gradual de aumento dos juros nos Estados Unidos.
O dólar recuou 1,39%, a 4,0262 reais na venda, o menor valor desde os 3,9517 reais de 20 de agosto. Na mínima, a moeda foi a 4,0096 reais e, na máxima, a 4,0949 reais. O dólar futuro tinha baixa de 1,3%.
“O mercado gostou da pesquisa, porque mostrou Bolsonaro crescendo, não consolidando sua estagnação, e ainda acima de 30%”, explicou o operador da corretora Spinelli, José Carlos Amado, ao citar pesquisa do Instituto Paraná.
Segundo o levantamento, o deputado segue na liderança com 31,2% das intenções de votos, ante 20,2% de Fernando Haddad (PT) e 10,1% de Ciro Gomes (PDT). Na pesquisa anterior, os porcentuais eram de, respectivamente, 26,6%, 8,3% e 11,9%.
Em uma simulação de segundo turno contra o petista, o candidato do PSL venceria com 44,3% dos votos contra 39,4% do ex-prefeito de São Paulo.
À tarde, o levantamento CNI/Ibope sobre a corrida eleitoral não influenciou os negócios. A pesquisa mostrou Bolsonaro com 27% das intenções de voto e Haddad com 21%, uma diferença de 6 pontos porcentuais, a mesma vista na pesquisa divulgada pelo instituto na segunda-feira, embora, naquela ocasião, o deputado tivesse 28% e o petista, 22%.
“O levantamento CNI/Ibope mostrou uma distância constante entre Bolsonaro e Haddad. O mercado então continuou repercutindo a pesquisa de mais cedo”, comentou o economista-chefe da corretora Guide, Victor Candido.
Nesta semana, o setor mostrava preocupação com um cenário de maior dificuldade para o candidato do PSL, trazido justamente por pesquisa Ibope. Há preferência por alguém mais comprometido com o ajuste das contas públicas, e as apostas estão com o deputado, já que o preferido Geraldo Alckmin (PSDB) segue sem tração nas pesquisas.
À tarde, o desfecho da decisão de política monetária do Federal Reserve ajudou a derrubar um pouco mais o preço do dólar ante o real.
“Havia algum temor de que o Fed poderia indicar mais aumentos dos juros no próximo ano, mas ele manteve a previsão de que devem ocorrer mais três novas altas em 2019”, explicou o economista-chefe Candido, da Guide.
Ao elevar a taxa de juros para o intervalo de 2 a 2,25% nesta tarde, o terceiro aumento em 2018, o Fed deixou sua perspectiva de política monetária para os próximos anos praticamente inalterada em meio ao crescimento econômico estável e a um mercado de trabalho forte no país. A autoridade monetária previu mais um aumento em dezembro, mais três no ano que vem e um derradeiro em 2020.
Após o Fed, o dólar tinha leve alta ante a cesta de moedas e caía ante as divisas de países emergentes, como os pesos chileno e mexicano.
Os operadores também citaram fluxo como justificativa para o recuo do dólar ante o real, além de um movimento de zeragem de posições compradas.
O Banco Central ofertou e vendeu integralmente nesta sessão 10.900 swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares. O BC já rolou até esta sexta-feira 9,265 bilhões de dólares em swaps cambiais do total de 9,801 bilhões de dólares que vencem em outubro.
Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o fim do mês, terá feito a rolagem integral.