Pela 7ª semana seguida, mercado financeiro prevê tombo menor para PIB
Segundo economistas consultados pelo Banco Central, queda da economia será de 5,52%; previsões para inflação também sobem
Analistas do mercado financeiro voltaram a estimar um tombo menor no desenvolvimento da economia brasileira para este ano. Segundo dados compilados pelo Boletim Focus, do Banco Central, e divulgados nesta segunda-feira, 17, a expectativa é que o Produto Interno Bruto (PIB) recue 5,52% em 2020, 0,1 ponto porcentual a menos que a queda prevista na semana passada. Apesar da magnitude do tombo, esta é a sétima semana consecutiva de melhora na projeção do indicador. O processo de retomada das atividades econômicas, que culminou na melhora de alguns indicadores como indústria, comércio e serviços em junho ajudam a arrefecer o pessimismo semana após semana. Com isso, a visão que a fase mais aguda da crise ficou para trás continua forte, porém o tombo no ano será resultado da ruptura das atividades entre o fim do 1º trimestre e início do 2º.
A projeção para o PIB do Brasil começou a seguir, ao fim de fevereiro, uma curva de queda drástica, acompanhando os do avanço da Covid-19 e os anúncios das prefeituras e governos estaduais sobre medidas de distanciamento social, com o fechamento principalmente de atividades não essenciais. Após as estimativas para o PIB ficarem estáveis em junho, os resultados a partir de então apontam para uma retomada. Os dados do Focus não indicam uma recuperação em “V”, jargão econômico para mostrar uma volta rápida, mas é indicativo de recuperação da economia, mesmo que lenta. Apesar da melhora nas projeções apresentadas, a recessão é significativa e atinge o país no ano em que se esperava uma reação da economia, que dava sinais de recuperação da crise vivida entre 2015 e 2016. No início do ano, a expectativa do mercado financeiro era de que a economia brasileira crescesse 2,3%, acima dos desempenhos de 2017 e 2018 (+1,3%) e 2019 (1,1%).
A recomposição de renda trazida pelo auxílio emergencial a trabalhadores informais, que paga cinco parcelas de 600 reais a vulneráveis mais afetados pela crise, é um dos colchões que seguraram a economia brasileira durante a fase mais aguda da crise e tem ajudado a segurar o consumo, melhorando as projeções da economia. A crise latente na equipe econômica do governo, com a saída de dois secretários na semana passada e a pressão de alas mais gastadoras do governo ao abandono do teto de gastos, não impactou na projeção do PIB nesta semana, mas, ao abandonar a agenda de reformas e ajustes, é possível uma recuperação não sustentável seguida de crises, como já aconteceu diversas vezes na história do Brasil.
Inflação e Selic
Além do PIB, o Focus traz outros importantes indicadores da economia brasileira. Um deles é o IPCA. A inflação, importante termômetro sobre o aquecimento do consumo, voltou a subir assim como a projeção do PIB. Segundo o boletim, o indicador deve encerrar 2020 com inflação de 1,67%, maior que a projeção da semana passada, de 1,63%. O valor está abaixo da meta definida pelo governo, de 4% neste ano, e também abaixo da tolerância da meta, que varia entre 2,50% e 5,50%. Para 2021 e 2022, os valores foram mantidos em 3% e 3,25%. Apesar da inflação estar bem controlada e abaixo da meta do governo, vale acompanhar a pressão do indicador na retomada da economia brasileira.
A pesquisa mostrou também que a expectativa do mercado brasileiro sobre a taxa Selic se mantém igual à da semana anterior: em 2% para este ano, taxa atual. Apesar da preocupação com o risco fiscal, o Copom (Comitê de Política Monetária) deixou a porta aberta para novos cortes, porém o mercado financeiro ainda não aposta em mais ajustes da Selic neste ano. Entretanto, para 2021, a projeção que estava em 3% foi reduzida para 2,75%, Já o câmbio, que reflete as incertezas do Brasil e acaba sendo prejudicado pela baixa Selic, continua alto. A perspectiva do Focus é que o dólar fique em 5,20 no final de 2020. Para o final de 2021, a perspectiva permanece em 5 reais.