Patamar recorde do setor de serviços reforça expectativa de alta do PIB em 2024
Acima do esperado pelo mercado, o resultado positivo mostra crescimento em todos os setores de serviços, que responde por 70% do PIB
O desempenho do setor de serviços é fundamental para a economia brasileira, já que representa cerca de 70% do PIB. O nível recorde registrado pelo IBGE, com avanço da atividade de 1,2% em junho, reforça esse papel crucial nas projeções de crescimento do PIB, segundo analistas de mercado. Mas nem todos concordam que o dado em si pode levar a uma revisão significativa da expectativa de crescimento da economia. Segundo o Boletim Focus divulgado na segunda-feira, a projeção do mercado é de alta de 2,2% do PIB em 2024.
Em junho, o destaque do setor de serviços é o segmento de transporte aéreo, que cresceu 11,4%. Também expandiram demandas de serviços audiovisuais, com alta de 2,6%; serviços administrativos e complementares, com crescimento de 2,3%; serviços prestados às famílias, com alta de 2,1%; e serviços de informação e comunicação, que registraram avanço de 2%.
Sinal de resiliência econômica, os dados podem resultar em um possível ajuste nas projeções de crescimento do PIB, segundo a visão de Volnei Eyng, CEO da Multiplike. “Esse crescimento contribuiu positivamente para a expectativa de uma expansão robusta do PIB de 2024”, diz.
A gestora, prevendo a força do setor de serviços neste ano, tem acelerado a disponibilidade de crédito para o setor, ampliando em 25% a disponibilidade financeira. “Esse aumento representa um valor nominal de 750 milhões de reais de crédito direcionado para empresas prestadoras de serviços”, diz.
Acima do esperado pelo mercado, o resultado positivo mostra crescimento em todos os setores de serviços e é visto como reflexo do ciclo de cortes de juros feito pelo Banco Central, interrompido nas últimas duas reuniões do Copom, segundo Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank. “A redução da Selic contribui para fortalecer os setores e a economia de forma geral”, diz.
Mas, segundo ela, é cedo para rever a expectativa de crescimento do PIB em 2024. “Tem outros indicadores que economistas estão esperando para incorporar em suas projeções de PIB.” Nesta semana, economistas ainda esperam a divulgação da pesquisa mensal de comércio pelo IBGE, por exemplo.
O mercado de trabalho aquecido, conforme os dados mais recentes do Caged, tem puxado a demanda de serviços, resultando nessa expansão expressiva, analisa Jeferson Laatus, estrategista-chefe da Laatus. De janeiro a junho, o saldo é de 1.300.044 de vagas formais criadas, e no acumulado de 12 meses, de julho de 2023 a junho de 2024, o saldo é positivo, de 1.727.733 empregos.
Combinados, os dois crescimentos (do mercado de trabalho e do setor de serviços) são fatores positivos que podem, no entanto, pressionar a inflação, segundo Laatus. “É um dado inflacionário. Embora a curva de juros não tenha acelerado, nem o dólar, a continuidade desses dados fortes é fator de pressão inflacionária”, diz ele.
A alta taxa de emprego reflete diretamente no consumo, principalmente nas empresas varejistas que estão sentindo essa retomada, segundo o empresário Roberto Jalonetsky, CEO da Speedo Multisport. A empresa tem a meta de crescer 30% e comemora o aquecimento da economia, projetando o crescimento do PIB acima de 2%, chegando perto de 2,5%. “Esse novo recorde no setor de serviços demonstra que a inteligência artificial ou qualquer outra tecnologia jamais substituirá o capital humano, essencial para diversas atividades”, diz.