Panamericano divulgará balanços na semana que vem
Perda total, a ser confirmada pelos documentos, teria atingido 4,3 bilhões de reais, graças a descoberta de um novo rombo de 500 milhões de reais
O Banco Panamericano confirmou ao site de VEJA nesta quinta-feira que os balanços do terceiro e do quarto trimestre de 2010 serão divulgados na semana que vem, mas ainda não há data definida. Junto ao documento referente aos três últimos meses do ano passado, sairão ainda, como é de praxe, os números relativos a 2010 fechado. Segundo a assessoria da instituição, ainda “faltam alguns ajustes”.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o problema de caixa do banco Panamericano foi ainda maior que o rombo bilionário divulgado até agora. Além do buraco de 3,8 bilhões de reais, provocado principalmente por fraudes contábeis; depois que o balanço de 2010 foi colocado em ordem apareceu um prejuízo de cerca de 500 milhões de reais. Em números redondos, isso aumentou de 4 bilhões de reais para aproximadamente 4,3 bilhões de reais a injeção de dinheiro feita para acertar as contas do banco antes da venda do controle para o BTG Pactual, nesta segunda-feira. Os novos números serão confirmados no balanço de 2010.
O Panamericano deveria ter divulgado o balanço do terceiro trimestre em 12 de novembro. No entanto, três dias antes, a diretoria do banco comunicou ao mercado que havia feito um acordo com o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para receber a quantia de 2,5 bilhões de reais usada para cobrir o rombo. O banco atrasou a divulgação do balanço em três meses. Entenda o caso.
No Calendário de Eventos Corporativos que o Panamericano enviou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) consta que a data para publicação dos balanços seria 28 de março de 2011. Segundo o banco, no entanto, essa seria uma data limite.
Com a venda ao BTG, o banco deverá finalmente fechar o balanço de 2010 com as contas praticamente zeradas. Estima-se que a instituição apresente um patrimônio líquido na casa dos 1,6 bilhão de reais, mesmo valor da época em que a fraude foi descoberta, no ano passado. Agora propriedade do BTG, que tem o controle, e da Caixa Econômica Federal, que já era sócia de Silvio Santos, o Panamericano vai receber dinheiro novo para operar. A Caixa comprometeu-se com o BTG a disponibilizar até 10 bilhões de reais em linhas de crédito nos próximos anos, enquanto o BTG deverá colocar outros 4 bilhões de reais.
Ações em queda – Enquanto os acionistas ficam se saber os dados reais sobre a situação financeira do banco, os papéis acumulam forte desvalorização na Bolsa de Valores de São Paulo. Levantamento realizado pela consultoria Economática para o site de VEJA revela que, desde que a primeira estimativa de rombo, de 2,5 bilhões de reais, foi divulgada na imprensa, em 10 de novembro, as ações preferenciais (PN) da instituição registraram depreciação de 34,9% somente naquele mês, ao passo que o índice da bolsa paulista, o Ibovespa, havia recuado 5,5%. Desde aquela data até o dia da venda para o BTG, em 31 de janeiro, a perda de Panamericano PN foi de 37,1%, contra -7,1% do Ibovespa.
A revelação, no último dia 29, de o que a perda do banco teria atingido 4 bilhões de reais fez com que, em dois dias, os papéis sofressem desvalorização de 3%. Nesta quinta-feira, já após o anúncio do acordo com o BTG, as ações preferenciais cediam mais 9,09%, cotadas a 6 reais – bem abaixo dos 9,22 reais de sua estréia na Bovespa. De lá para cá, a depreciação ultrapassa 50%.
(com Agência Estado)