Países em desenvolvimento devem se preparar para turbulência, diz Bird
Banco Mundial prevê crescimento de 2,9% para a economia brasileira em 2012
Países em desenvolvimento devem se preparar para um longo período de volatilidade nos mercados financeiros e crescimento mais fraco, com aumento das tensões sobre uma piora da crise da dívida na zona do euro, afirmou o Banco Mundial (Bird) nesta terça-feira.
De acordo com o relatório Perspectivas da Economia Mundial, a economia do Brasil deve operar provavelmente abaixo do potencial neste ano, crescendo 2,9%, antes de seguir rumo a uma alta de 4,2% no próximo.
Alertando que a situação na Europa pode piorar, o Banco Mundial avaliou no relatório que nações em desenvolvimento devem se preparar também para tempos mais difíceis, reduzindo sua dívida de curto prazo, cortando déficits orçamentários e seguindo rumo a uma posição monetária mais neutra, para que as políticas possam ser abandonadas rapidamente se necessário. “O mercado de capital global e o sentimento do investidor devem permanecer voláteis no médio prazo – tornando a definição de políticas econômicas difícil”, afirmou o diretor de perspectivas de desenvolvimento do Bird, Hans Timmer.
Ele disse que autoridades dos países em desenvolvimento devem se “distanciar do combate a incêndios para fortalecer o potencial de crescimento”. Ou seja, Timmer defende que os governantes priorizem reformas e investimentos em infraestrutura em vez de reagir aos acontecimentos diários na economia global.
O relatório prevê ainda que o crescimento nos países em desenvolvimento deve desacelerar para 5,3% em 2012, depois de ter registrado alta de 6,1% no ano passado. O Banco Mundial estima fortalecimento para 5,9% em 2013, e para 6% no ano seguinte.
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As previsões sofreram poucas modificações em relação às anunciadas em janeiro. Quanto à economia global, que avançou 2,7% em 2011, o Bird afirmou que ela deve se expandir 2,5% neste ano, acelerando para 3% em 2013 e 3,3% em 2014 – sem alterações frente à perspectiva de janeiro.
Timmer alertou que uma grave crise financeira ainda é possível, mesmo com um “cenário de confusão” sendo mais provável. Os mercados financeiros já estão no limite, com investidores migrando para a segurança de títulos da dívida dos governos alemão e norte-americano, com temores de que as eleições gregas no domingo podessam abrir as portas para Atenas deixar a zona do euro.
No sábado, os ministros das Finanças da zona do euro aceitaram emprestar à Espanha até 100 bilhões de euros (125 bilhões de dólares) para ajudar os bancos espanhóis em dificuldades.
Timmer afirmou que a resolução dos problemas da Europa é um desafio de longo prazo. “Não há bala de prata. Não dá para resolver problemas em um fim de semana. Existem mudanças estruturais necessárias para recuperar o potencial de crescimento na Europa e em outros países de alta renda”, completou.
As previsões atualizadas do Bird projetam que a economia da zona do euro se contrairá em 0,3% neste ano, antes de retomar um crescimento de 0,7% em 2013 e 1,4% em 2014. O avanço foi de 1,6% no ano passado.
Apesar do aumento das tensões financeiras globais, cerca de 60% dos países em desenvolvimento estão operando em linha com seu potencial ou acima, acrescentou o Banco Mundial. Para a América Latina e o Caribe, o crescimento cairia para 3,5% neste ano, firmando-se em 4,1% no próximo e em 4% em 2014. A região cresceu 4,3% em 2011.
A instituição prevê também que o crescimento chinês atingirá uma taxa mais sustentável de 8,2% neste ano, depois de registrar 9,2% em 2011, antes de se recuperar para 8,6% em 2013. “Em nossa visão, essa desaceleração é algo que leva a China a um ritmo muito mais sustentável”, avaliou Timmer. “A China é um dos países que se pode argumentar que havia atingido restrições à capacidade”, completou.
(Com Reuters)