Os setores da economia que ganham e os que perdem com a COP26
Compromissos devem gerar mudanças não apenas climáticas, mas também econômicas com ganhadores e perdedores nessa nova política

Líderes de todo o mundo estão reunidos em Glasgow, na Escócia, para a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26). A negociação do clima entre os países busca a redução das emissões poluentes, atingindo a meta de neutralidade até 2050. Os compromissos devem gerar mudanças não apenas climáticas, mas também econômicas com ganhadores e perdedores nessa nova política.
A transição para uma agenda ambiental limpa deve fomentar e estimular fundos verdes e potencializar os negócios de empresas que são fundamentais para essa mudança. De acordo com o Bank of America, um terço dos investimentos globais em ações estão sendo aplicados em fundos considerados verdes, que carregam o rótulo de sustentabilidade. Um levantamento realizado pela Bloomberg mostra que os investimentos em startups de energia limpa aumentaram exponencialmente nos últimos meses, de 2,9 bilhões de dólares em janeiro para 36,8 bilhões de dólares em setembro.
O movimento e interesse por investimentos ambientalmente sustentáveis é crescente e começa a ganhar cada vez mais espaço na carteira dos investidores. Em agosto, a B3 tornou disponível aos investidores o REVE11, um fundo de índice (ETF) composto por empresas engajadas nessa transição verde. O ETF replica o índice Russell 1000 Green Revenues 50, que engloba 50 empresas dos Estados Unidos ligadas às práticas ESG. Esse é apenas um ao lado de tantos outros que foram acrescentados à plataforma de investimentos no Brasil, pela XP, Warren, BTG e outras gestoras.
As empresas que devem se beneficiar desse movimento serão as de energia limpa e renovável, como a solar e eólica, assim como as fabricantes dos componentes para essa indústria. Empresas que produzem e armazenam a energia renovável também devem ser impulsionadas pela nova realidade. De acordo com a Morgan Stanley, em reportagem da Bloomberg, se destacam nessa seara a Ganfeng Lithium, a Panasonic e a Iberdrola. O banco também destaca os fabricantes de carros elétricos, em especial Tesla, e também os movidos a hidrogênio, dando ênfase para Siemens Energy, pioneira no desenvolvimento do hidrogênio renovável.
Por outro lado, as empresas que possuem no cerne de seus negócios compostos poluentes, como mineradoras de carvão e produtores de combustíveis fósseis, devem ser duramente impactadas nos próximos anos. As empresas de aviação, grandes poluidoras, também devem sofrer os efeitos negativos da transformação energética. De olho nesse futuro, a Embraer tem liderado uma mudança na aviação com os eVTOLs, os carros voadores elétricos que estão sendo desenvolvidos pela sua startup Eve. O veículo será 100% elétrico com previsão de certificação em 2025 e operação em 2026.
Na última semana, em meio aos problemas internos com os reajustes no preço dos combustíveis e a poucos dias da COP26, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a Petrobras teria “valor zero” daqui 30 anos, em 2050. O discurso de Guedes aconteceu em um momento em que ele defendia a privatização, mas de fato a transição energética oferece sérios riscos ao negócio da petroleira e também desafios para atrair investidores. A Agência Internacional de Energia (IEA) divulgou no início do ano que os países comprometidos com a neutralidade até 2050 devem parar de investir em petróleo e gás.