Os motivos para que o Copom mantenha a perspectiva de mais cortes
Banco Central sinalizou mais cortes de meio ponto percentual nas próximas reuniões por ser o ritmo necessário "para o processo desinflacionário"
O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu, pela terceira vez consecutiva, a taxa básica de juros em meio ponto percentual. No comunicado, os diretores do BC deixam a porta aberta para mais cortes da mesma magnitude, apesar do alerta sobre a meta fiscal.
O colegiado fala em “redução de mesma magnitude nas próximas reuniões”. Neste ano, há mais uma reunião marcada, para meados de dezembro. Já a primeira do próximo ano acontece no fim de janeiro. “Esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, diz o texto do Copom, formado pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, e seus oito diretores.
O Banco Central afirma que o contexto atual, caracterizado por um estágio em que o processo desinflacionário tende a ser mais lento, com reancoragem parcial das expectativas de inflação, e “um cenário externo global desafiador” exige serenidade e moderação na condução da política monetária.
A meta de inflação é de 3,25% em 2023 e 3% em 2024, com margem de 1,5 ponto para cima ou para baixo. Nas estimativas do mercado divulgadas pelo Boletim Focus na última segunda-feira, os analistas pelo BC estimaram que o IPCA vai encerrar 2023 em 4,63%, abaixo do limite de tolerância da meta (4,75%). Para 2024, a projeção é de 3,9%. Os analistas projetam a Selic em 11,75% no fim deste ano, com o corte de meio ponto indicado pelo BC, mas elevaram de 9% para 9,25% a previsão para a Selic no fim de 2024.
No comunicado, o Copom pontuou que o panorama internacional permanece adverso, com o aumento dos juros pelos principais bancos centrais do mundo, além de riscos geopolíticos — devido às guerras. Por isso, o BC “avalia que o cenário exige atenção e cautela por parte de países emergentes”, adicionando um risco altista para as taxas. Adriana Dupita, economista da Bloomberg, afirma que uma mudança no ritmo da queda dos juros — isto é, cortes menores — depende sobretudo do ambiente internacional e da condução da política monetária do Federal Reserve (Fed), o Banco Central Americano. “Este comentário abre espaço para que o BCB desvie do seu plano de cortar meio ponto a cada uma das próximas reuniões, caso o cenário internacional se deteriore”, afirmou.