Os destinos entrelaçados de Alcolumbre e a agenda de reformas
Entre ocupar ministério ou ser vice de Bolsonaro, senador, de saída do comando da casa, almeja alçar voos mais altos e fazer parte da articulação do governo
Na busca de dar vazão à agenda do ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente Jair Bolsonaro vem se movimentando para consolidar o apoio no Congresso Nacional. Com o programa parado graças às eleições que definirão a sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP) às presidências da Câmara e do Senado, respectivamente, Bolsonaro atua sem alarde para angariar o parlamento. Como antecipou VEJA, o presidente ofereceu cargos de ministro a Alcolumbre. Segundo parlamentares próximos ao senador, ministérios como o do Desenvolvimento Regional, comandado por Rogério Marinho; o de Minas e Energia, de Bento Albuquerque; ou a Secretaria de Governo, sob a batuta de Luiz Eduardo Ramos, estão no páreo.
Alcolumbre vem repetindo aos colegas que não vê a saída de Marinho como ponto pacífico. O ministro é querido por Bolsonaro e sente-se seguro no cargo, segundo auxiliares do Ministério do Desenvolvimento Regional, apesar de viver às turras com Guedes. Alcolumbre pode não fazer questão de assumir o posto de Marinho, mas cresceu os olhos sobre a possibilidade de preencher a vaga de Ramos. De acordo com pessoas próximas ao senador, a grande vocação do atual presidente do Senado é fazer política, e, na pasta, ele teria em mãos a definição do Orçamento e o capital político para articular em torno das reformas administrativa e tributária. Na presidência do Senado, Alcolumbre atuou na construção de interlocução com o governo para a aprovação da Reforma da Previdência, promulgada em 2019 e que era um dos alicerces da política reformista do governo.
Mas Alcolumbre sonha mais alto. O atual presidente do Senado conta com a condução de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) ao posto que ocupa. Ele calcula ter entre 42 e 48 votos para o pleito. Com o comando do Senado, se não virar ministro, Alcolumbre espera ganhar corpo para ocupar a vaga de vice-presidente em uma chapa de reeleição junto a Bolsonaro em 2022, com a premissa de ser o homem do Congresso Nacional responsável pela articulação do governo.
Ele vem trabalhando para que o presidente o convide para compor a aliança — Bolsonaro, por exemplo, declarou apoio a seu irmão, Josiel Alcolumbre, nas eleições municipais em Macapá. Não é de hoje que Bolsonaro e o vice-presidente, Hamilton Mourão, não se bicam. Alcolumbre pode conseguir avanços na agenda de reformas e vê no posto a possibilidade de construir uma base mais sólida de apoio ao presidente Bolsonaro.