Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Os desafios para a H&M ao desembarcar no Brasil

As dificuldades passam pela complexidade do sistema tributário e seu elevado custo, necessidade de adaptação de coleções globais e até preço

Por Pedro Gil Atualizado em 19 jul 2023, 16h24 - Publicado em 18 jul 2023, 16h23

Segundo maior grupo varejista do mundo, a H&M anunciou que chegará ao Brasil em 2025, com abertura de lojas físicas e e-commerce. O anúncio pegou o varejo nacional de surpresa, em meio às disputas com empresas chinesas como a Shein, alta taxa de juros e dificuldade de acesso a crédito.

A H&M possui operação em nove países da América Latina, mas nunca fincou raízes no Brasil. Será a primeira vez. Outras varejistas tentaram e nunca conseguiram entrar no mercado local, como a Sears, que deixou o país ainda nos anos 1990 — em 2021 ela declarou falência –, Walmart e a Forever 21, rede de fast fashion que também minguou globalmente.

A entrada no mercado brasileiro não é simples. A Marisa, por exemplo, está enfrentando sérios problemas operacionais, após decisões estratégicas equivocadas, ao expandir a operação em 2012 de forma heterogênea e muito agressiva. Além disso, a companhia se afastou de seu negócio principal, que era a produção de lingeries, para se tornar uma loja de moda. A pandemia e a explosão da taxa de juros também contribuíram para a fragilização da marca.

As dificuldades aqui passam pela complexidade do sistema tributário e seu elevado custo, necessidade de adaptação de coleções globais para o mercado local, pesquisas e até preço. “A gente não sabe se a H&M está usando alguma alternativa de entrada por aquisição ou se vão entrar de forma orgânica, construindo do zero. Isso muda muito os desafios e impacto no mercado”, alerta Alberto Serrentino, consultor de varejo e fundador da Varese Retail.

Continua após a publicidade

Apesar das dificuldades, há pelo menos um bom exemplo de player internacional que entrou no mercado local e conseguiu gerar identificação com o consumidor: a Inditex, maior conglomerado têxtil do mundo. A Zara, uma de suas principais marcas, encerrou algumas operações no Brasil, resultado da pandemia, mas está no país há alguns anos com posição bem estabelecida, apesar de nunca ter escalado. A Inditex parou em 50 lojas e não chegou a ameaçar as grandes varejistas locais, como C&A, Renner e Riachuelo. “É muito complexo entrar aqui, o fator coleção não é trivial. As empresas não conseguem replicar coleções globais no Brasil porque nosso clima mistura temporadas, o mercado antecipa alguns produtos, posterga outros, tem indústria local… A H&M vai ter que acertar o timming de coleções e equilibrar fontes de abastecimento”, afirma Serrentino.

Em comunicado, a H&M afirmou que o Brasil tem “uma forte valorização da moda” e há um “grande potencial de expansão no mercado”. “Estamos entusiasmados […] Tivemos um bom desenvolvimento na América Latina e vemos um grande potencial no Brasil”, disse Helena Helmersson, CEO do H&M Group, em nota divulgada pela marca. “Eles vão ter dificuldades de encontrar espaços para abrir lojas, embora algumas operações de varejo estejam fragilizadas. Nesse sentido, pode ser um bom momento, mas não é fácil escalar. Leva tempo”, prossegue o especialista. “A gente precisa entender melhor essa agenda de tempo, ambição, modelo de entrada e modelo operacional. Acredito que seja bom e saudável a entrada no mercado brasileiro, mas não ameaça as líderes do segmento e é carregado de complexidades. Mas pode funcionar”, completa.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.