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O unicórnio brasileiro que aderiu à inteligência artificial

Avaliada em mais de 1 bilhão de dólares, a startup quer diminuir barreira de entrada para criadores de conteúdo de cursos

Por Pedro Gil Atualizado em 24 abr 2023, 10h21 - Publicado em 21 abr 2023, 12h02

A Hotmart, empresa brasileira que tem feito sucesso na área de cursos para profissionais da economia criativa, aposta agora em inteligência artificial para expandir sua operação. A plataforma lançará nos próximos dias uma ferramenta para ajudar o cliente na criação do primeiro curso. Funcionará da seguinte maneira: ao digitar o assunto de interesse que pode ser tema do curso ministrado, a IA sugere proposta de produto, com público-alvo, estratégia de comunicação, preço sugerido, nome, módulos, três aulas dentro de cada módulo e sinopse. “O desafio da página em branco estamos tirando da frente”, afirmou a VEJA João Pedro Resende, co-fundador e CEO da Hotmart.

A ideia da funcionalidade surgiu a partir do ChatGPT, assistente virtual inteligente desenvolvido pela OpenAI. “Isso mudou muito as possibilidades, porque é um modelo de linguagem muito potente baseado em um conteúdo que já existe na internet”, disse. A ferramenta é um primeiro passo da Hotmart para um plano de expansão, que inclui aquisições de novas empresas. “Estamos bem capitalizados para fazer mais algumas [compras]”, confidenciou Resende, sem entrar em detalhes.

O grupo Hotmart Company foi criado a partir da expansão da Hotmart e contempla as marcas Teachable, Klickpages e E-notas. A intenção é unificar na plataforma todas as ferramentas necessárias para o criador de conteúdo: desde pagamentos até emissão de notas fiscais, passando por construção de páginas, campanhas, entrega e criação de comunidade. “A edição de conteúdo ainda é feita por fora”, afirmou o empresário.

A Hotmart é uma das startups que compõem o grupo dos “unicórnios” brasileiros, rol de companhias de tecnologia que atingiram a avaliação de mercado superior a 1 bilhão de dólares antes de ter ações negociadas em bolsa de valores. Nos últimos cinco anos, as compras na plataforma cresceram em média 70% ao ano. São mais de 35 milhões de usuários, 1.500 funcionários e presença em sete países. “Este ano estamos com crescimento acima do que imaginávamos”, comemora.

Apesar da operação saudável — “sem necessidade de injeção de capital para sobreviver” –, a Hotmart realizou cortes no ano passado. Foram 227 demissões. “Para você capturar potencial de crescimento, olha-se para frente, cria-se uma hipótese e monta-se o time para crescer aquele tanto. Mas o pêndulo que foi para um lado na pandemia voltou em uma velocidade absurda”, lamenta. “Não conheço startup relevante que não tenha passado por alguma reorganização; elas projetaram expectativa futura que não aconteceu.” O CEO garante que os cortes foram feitos mais por cautela do que por desespero. “Algumas startups tiveram que ajustar para não ter problemas no futuro, como nós, e outras promoveram cortes para passar pela tempestade”, disse.

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IA e ‘meta-humanos’

A primeira onda do uso de inteligências artificiais no mundo empresarial deve focar em funcionalidades, não em produtos. A IA vai melhorar produtos já existentes, não criar novos. “No Word, quando digitarmos algo, vamos ver uso do ChatGPT; no Photoshop, do Midjourney”, imagina o CEO. Midjourney é um serviço de inteligência artificial que gera imagens a partir de descrições. Resende acredita que “investidores vão investir rios de dinheiro para entrar no hype”.

A expectativa é que será muito mais fácil criar conteúdo, com muito mais criadores — a barreira de entrada diminuirá –, já que certas tarefas do dia-a-dia serão facilitadas pelos “meta-humanos”, aumentando a produtividade do humano em si. Por outro lado, o impacto no mercado de trabalho vai acabar gerando demanda dentro da própria plataforma. “As pessoas serão impactadas, seja por mudança de carreira ou emprego, e precisarão aprender novas habilidades rapidamente”, disse. É uma situação de ganho dos dois lados para a startup.

O temor, por outro lado, é que a tecnologia avance tanto a ponto de se tornar desnecessárias certas intervenções humanas. No futuro, um curso na Hotmart, por exemplo, poderá ser feito inteiramente por um “meta-humano”. E será. Mas não todos. “A diferenciação está no indivíduo, nas experiências acumuladas. Seres humanos se interessam por seres humanos”, completou. Espera-se que isso continue assim.

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