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O que pensa um ex-presidente da Petrobras sobre a interferência de Lula

Roberto Castello Branco falou a VEJA sobre o episódio dos dividendos extraordinários: 'Iniciativas intervencionistas são perniciosas"

Por Pedro Gil Atualizado em 19 mar 2024, 09h27 - Publicado em 19 mar 2024, 08h30

O Brasil é um museu de grandes novidades. Velhas práticas, que deveriam ficar no passado, teimam em não permanecer por lá, lugar onde elas pertencem. O governo retomou a ofensiva para aumentar a presença em empresas estratégicas, como Vale e aumentou a interferência política na Petrobras. Nos últimos dias, a empresa anunciou o pagamento de 14 bilhões de reais em dividendos para o trimestre, dentro do modelo de pagamento mínimo da companhia estatal, gerando preocupações de investidores sobre a governança da estatal. 

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, defendia a proposta de distribuir aos acionistas 44 bilhões de reais. O valor equivale a 50% dos recursos que sobraram livres no caixa após o pagamento dos dividendos regulares. Por outro lado, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, por orientação do presidente Lula, defendia reter esse dinheiro em um fundo de reserva. Os representantes do governo no Conselho de Administração enterraram, por ora, a proposta de distribuição extra dos lucros. 

Roberto Castello Branco, ex-presidente da Petrobras, sabe bem o que é sentir na pele a pressão política à frente da petroleira. Ele foi demitido do comando da companhia pelo então presidente Jair Bolsonaro, que o instava a reduzir o preço dos combustíveis. Ele resistiu o quanto pôde. “Esperava que essas interferências tivessem ficado no passado”, diz a VEJA em entrevista. “É um tiro no pé fazer isso, porque essas medidas afastam investidores e prejudicam o ambiente de negócios”, prossegue.  Para o economista, iniciativas intervencionistas são “perniciosas” para a avaliação de riscos. “Se a preocupação é fazer com que a economia cresça, essas decisões jogam contra”.

Castello Branco foi o primeiro de cinco presidentes que passaram pela Petrobras durante a gestão do ex-presidente. Ele deixou o cargo após Bolsonaro pressionar pela indicação de diretores e redução no preço do combustível. “O governo nunca participou da discussão de pagamento de dividendos. Até porque, se tivesse participado, eu pediria demissão”, revela. 

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A decisão do governo em adiar a discussão sobre pagamento de dividendos vem em momento especialmente inoportuno do ponto de vista do Tesouro. Isso porque o Ministério da Fazenda está tentando aumentar a arrecadação, para fechar as contas neste ano não gastando mais do que tem em caixa, mas nega receber os dividendos devidos que poderiam ser usados para ajudar a fechar a conta. A União possui cerca de 29% das ações da Petrobras. “É um caso intrigante: o governo não teria prazer em não receber dividendos”, diz Castello Branco. “É uma decisão irracional”.

Uma solução possível, segundo Castello Branco, seria privatizar a Petrobras. Para ele, “sociedade mista é insustentável” e a companhia poderia ter desempenho ainda melhor não fosse a “filosofia estatal”. “O governo não se comporta como investidor privado, preocupado em maximizar lucros, então seria melhor vender e mandar esses recursos ao Tesouro”, diz. “Do contrário, é manter bilhões de reais mau aproveitados em um mercado que petroleiras privadas fazem muito melhor”, completa.

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