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O que pensa a brasileira eleita jovem líder global pelo Fórum Econômico Mundial

Carolina Rossini, uma das jovens líderes apontada pelo Fórum de Davos, defende uma virada na forma de pensar a propriedade intelectual em tempos de inclusão digital

Por Luís Lima 17 mar 2016, 08h38

A advogada Carolina Rossini foi anunciada nesta quarta-feira como integrante da lista de jovens líderes globais, uma honraria concedida anualmente pelo Fórum Econômico Mundial. Especializada em políticas públicas, internet e direitos digitais, a brasileira se disse surpresa com a escolha, já que, como descreve, ela atua na retaguarda de congressos e organismos internacionais. “Um CEO é muito mais visível”, diz.

Formada em 2000 pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, a jovem líder brasileira foi uma das primeiras advogadas a atuar na área de Direito digital do país. Carolina participou ainda de discussões como a da Lei de Direitos Autorais e do marco civil da internet.

Radicada em Washington, nos Estados Unidos, há três anos, onde mora com marido e filho, a advogada foi pesquisadora do Berkman Center, em Harvard, e trabalhou na Wikimedia – responsável pela Wikipedia, popular enciclopédia colaborativa da internet – e na Electronic Frontier Foundation, entidade que se dedica à proteção da liberdade de expressão no mundo virtual. Hoje, a advogada évice-presidente da área internacional de políticas públicas e direitos humanos da Public Knowledge, organização não-governamental que atua na defesa da propriedade intelectual.

Saiba o que pensa a jovem líder global:

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Você já esperava a nomeação para a lista de jovens líderes do Fórum de Davos? Não. Foi uma surpresa e uma honra muito grande. Trabalho há quinze anos na área de política pública, direitos humanos, internet e direitos digitais. Esse trabalho não costuma ser muito reconhecido, pois atuamos nos bastidores, nos corredores dos congressos e das organizações internacionais. É muito mais visível, por exemplo, quem é CEO, lança uma empresa ou uma inovação mais palpável.

Quais são suas principais bandeiras? A principal bandeira que levanto – e que resume tudo – é a do acesso ao conhecimento. Percebi o grande potencial que a internet tem não só para inclusão digital, que é uma questão mais óbvia, mas também ao conhecimento. Em relação aos recursos educacionais livres, me refiro ao licenciamento aberto, à gestão da propriedade intelectual. Não significa que seja tudo gratuito, mas a uma gestão mais efetiva e eficaz, que proteja o autor e que garanta que os contribuintes, que pagaram o desenvolvimento dos materiais com impostos, tenham acesso a ele e não paguem duas vezes.

Dentro de todos os projetos que você se envolveu, qual foi o principal divisor de águas? Destaco o projeto REA (Recursos Educacionais Abertos). É uma pauta relativamente nova no país, mas já foi adotada pelo presidente Obama, nos Estados Unidos, e pelos governos da Polônia e da África do Sul, por exemplo. Temos apoio da Unesco, do Banco Mundial e de outras organizações. O Estado percebeu que, ao desenvolver material educacional, isso tem que voltar para os contribuintes de forma aberta e gratuita. De forma prática, fazemos treinamento para professores, no MEC, inclusive, para repensar a forma de licitação para compra de material educacional. Temos projeto de lei federal, decreto em São Paulo, lei aprovada em dezembro no Distrito Federal. Treinamos as pessoas para se tornarem autoras na internet e para desenvolverem conteúdo de qualidade de forma colaborativa.

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Quais os desafios ou entraves para se que o conteúdo educacional, de fato, seja aberto? É complicado porque mexe com estruturas de mercado já muito consolidadas, como as compras públicas de conteúdos de editoras. Ao mesmo tempo, nesse processo de desenvolvimento da comunidade REA, conversamos com editoras e algumas se sensibilizaram para a questão da inovação e de modelos de negócio aberto – e que possam ser rentáveis. Outro desafio é um certo medo no âmbito acadêmico de priorizar esse debate. Os advogados treinados na parte de propriedade intelectual só dizem “não” porque têm que controlar o risco. Mas quando só se pensa em risco, não se consegue inovar. O desafio é pensar a abertura de conteúdo como algo positivo e não restritivo. É uma virada em como pensar a propriedade intelectual.

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