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O mercado de ações ganha impulso para manter a performance de 2020

Um novo perfil de investidores e de empresas dispostas a abrir o capital fortalecem o setor

Por Luisa Purchio, Larissa Quintino, Felipe Mendes Atualizado em 8 jan 2021, 09h07 - Publicado em 8 jan 2021, 06h00

Nos gráficos de evolução de índices de ações, alguns padrões se apresentam de forma consistente e são bem conhecidos dos analistas. São linhas em formato de U, W e V, que indicam os altos e baixos das cotações. A letra V, no caso, representou o Ibovespa em 2020, com a queda vertiginosa após a chegada da Covid-19 e a posterior recuperação, até fechar o ano acima dos 119 000 pontos. Porém, na avaliação da B3, a bolsa de valores de São Paulo, há outra linha que foge desse modelo. Trata-se de uma diagonal ascendente, que mostra a explosão de negócios no mercado de ações brasileiro. O volume investido na B3 em comparação com o PIB deu um grande salto: passou de 52% em 2019 para inéditos 94,7% em 2020, segundo levantamento feito pela consultoria Economática para VEJA.

Esse movimento espelha o número de pessoas que têm aderido às ações como investimento, uma tendência que promete mudar a forma como os brasileiros aplicam o seu dinheiro. No fim de novembro, o número de indivíduos registrados como investidores na B3 era de 3,2 milhões. Desse total, 1,3 milhão entrou a partir de março. Porém, a bolsa brasileira tem grande potencial de evolução quando comparada a mercados mais maduros. Nos Estados Unidos, há anos o volume investido em bolsa costuma ser superior ao dobro do PIB e, em 2020, atingiu a relação de 4,11 vezes. Lá, mais da metade da população investe no mercado de capitais, enquanto aqui o índice é inferior a 5%.

A expansão da bolsa foi impulsionada por três fatores. O primeiro foi a chance de comprar barato papéis de empresas afetados pelas quedas registradas no início da pandemia. O segundo, a facilidade para começar a investir por meio de plataformas on-line. Mas o terceiro, e talvez o mais importante, é a percepção de que dinheiro não cai do céu. Após décadas em que o Banco Central praticava taxas de juros elevadas, que favoreciam o investimento em renda fixa, a Selic atingiu a baixa histórica de 2% ao ano e tirou o investidor da zona de conforto.

Em especial, os jovens embarcaram nessa nova tendência. Atualmente, 47% dos investidores individuais são de pessoas com até 35 anos. “Há uma mudança estrutural da sociedade brasileira em termos de investimentos. Antes, com juros de 14% ao ano, era tranquilo não correr riscos”, diz Alex Agostini, economista-chefe da empresa de classificação de riscos Austin Rating. “Os jovens têm uma relação diferente com o dinheiro. A geração mais velha, que viveu vários planos econômicos e trocas de moeda, tinha medo de investir em bolsa porque achava que era como um cassino.” Apesar da evolução, ainda são necessários alguns ajustes nos mecanismos do mercado de capitais brasileiro para essa impressão ficar completamente no passado.

O caminho nessa direção passa pela simplificação das regras de operação. Até setembro de 2020, por exemplo, apenas investidores com mais de 1 milhão de reais aplicados podiam comprar papéis relacionados a ações que empresas brasileiras como XP Investimentos e Stone têm no exterior. Derrubada tal regra, o mercado espera que a B3 libere para esse mesmo investidor a aplicação em outros produtos ainda restritos, como os fundos de recebíveis, os FIDCs.

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Outro ponto que pode evoluir é a abertura de novas bolsas que venham a concorrer com a B3. A competição estimularia a redução das taxas das operações e ampliaria a oferta de serviços e produtos. “Hoje há nitidamente espaço para pelo menos mais uma bolsa no Brasil”, diz Flávia Palacios, diretora da securitizadora RB SEC. No passado, por exemplo, além da bolsa de São Paulo, havia a do Rio de Janeiro. E, nos Estados Unidos, a bolsa de Nova York tem a concorrência da Nasdaq.

Do lado das empresas, ainda existem dificuldades para que elas se adaptem às normas de operações. Especialistas defendem que o processo de IPO seja simplificado, uma vez que a quantidade de relatórios obrigatórios torna o processo muito custoso e restrito. Isso é particularmente importante em um momento em que companhias de setores pouco comuns no mercado de ações, como saneamento básico, artigos para animais de estimação, educação, moda e varejo digital, realizam seu IPO. Tamanha diversificação deve continuar e tornar o mercado de capitais mais atraente.

Publicado em VEJA de 13 de janeiro de 2021, edição nº 2720

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