Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

O investimento estrangeiro: entre as reformas e o Renda Cidadã

Apesar do aumento na participação de não residentes no país em investimentos no país, as formas de financiamento do programa não foram bem recebidas

Por Victor Irajá Atualizado em 28 set 2020, 16h19 - Publicado em 28 set 2020, 16h11

Está difícil para que os investidores estrangeiros voltem a acreditar no país. Mas os números provam que as recentes apresentações de projetos para alterar o sistema de impostos e o funcionalismo podem servir de gás para que o Brasil colha os louros de investimentos externos. Segundo um relatório divulgado pelo Tesouro Nacional nesta segunda-feira, 28, em agosto, o país foi o que registrou menor alteração negativa em relação à percepção de risco de se investir no país em comparação com outros países emergentes. Não por acaso. O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, parecem ter se acertado e entrado em linha com o Congresso Nacional para o avanço das reformas, tendo como foco a desoneração da folha de pagamentos e fomento à criação de empregos. Apesar da pandemia de Covid-19 ainda ser uma pedra no sapato, o Brasil colheu o menos pior entre os péssimos resultados dos países emergentes no quesito. A confiança do estrangeiro caiu somente 1,3% em agosto em relação ao mês anterior, enquanto o México e o Peru amargaram redução de 18% e 17% seguindo os mesmos critérios.

Mas, vá lá, o cenário só não é mais problemático porque, nos últimos meses, graças à gestão errática da pandemia por parte de Bolsonaro, o país foi o que mais viu ruir seu respaldo em relação a risco no exterior. O Brasil ocupa a primeira colocação em relação aos demais países da América do Sul apresentados no relatório do governo na percepção de cenário para este mês — cujos dados devem ser divulgados em outubro. Apesar de ter a menor alteração negativa entre os comparados, o Brasil amarga 250 pontos base, utilizados como critério para a consolidação do risco, enquanto países como Chile e Peru contemplam 76 e 86 pontos, respectivamente, apesar de uma piora nas projeções de cenário para setembro. A aproximação recente de Bolsonaro com os partidos do Centrão, o acalmar do presidente e o natural arrefecimento da pandemia, com consequente aumento de consumo decorrente da reabertura econômica, também parecem, aos poucos, atrair o capital estrangeiro para o Brasil. De acordo com o Tesouro Nacional, o aumento na participação de não residentes no país em investimentos no país passou de 9% para 9,4%, fluxo positivo de 20,1 bilhões de reais.

O governo aponta os resultados como consequência da aversão ao risco no mercado externo, diante de dúvidas sobre a recuperação econômica e novos estímulos fiscais. De acordo com o levantamento do governo, agosto foi marcado pelo tom positivo no mercado externo. Os mercados acionários reagiram positivamente graças, segundo o relatório, às ações de tecnologia e ao noticiário positivo a respeito dos avanços nas vacinas para a Covid-19. Para setembro, porém, nem tudo são flores. A preocupação com a possibilidade de uma segunda onda de Covid-19 na Europa e as discussões políticas nos EUA levaram a um cenário de maior aversão ao risco, segundo o relatório do Ministério da Economia. Para piorar, o mercado não reagiu bem às formas tortas de financiamento do programa que substituirá o Bolsa Família, o Renda Cidadã.

Como mostra o Radar Econômico, o Banco Central (BC) teve que se mexer para evitar que o dólar decole depois do anúncio de que o governo usaria recursos originalmente destinados ao pagamento de precatórios e oriundas do novo Fundeb, o fundo para educação. O BC injetou 877 milhões de reais para segurar a moeda americana que, às 16h, era negociada a 5,62 reais, em alta de 1,22%. A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, afundava mais de 1,83% no mesmo momento. Vale lembrar que a ideia original da equipe econômica envolvia congelar reajustes nas aposentadorias e pensões para financiar o natimorto Renda Brasil — agora, Renda Cidadã. O ministro da Economia teve que tirar outras formas de pagar o novo programa do governo, sem descumprir o teto de gastos. A solução, ao que parece, não foi bem tragada pelo mercado.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.