O duro cenário desenhado pelo mercado sobre inflação e juros
Após um mês sem as projeções de analistas financeiros, Boletim Focus traz IPCA cada vez mais longe da meta e aceleração na taxa de juros
Um mês foi o intervalo de tempo que o Boletim Focus, publicação do Banco Central que compila estimativas de analistas sobre a economia brasileira, ficou sem circular. Passada a tensão com os servidores do BC, a edição do Focus pós-apagão mostra um cenário bem mais deteriorado. A projeção para inflação subiu de 6,88% para 7,65% — ainda mais distante da meta, que tem limite de 5% para este ano. A inflação em franca aceleração leva a reboque a taxa de juros. O mercado indica que o BC deve continuar os ajustes, chegando a 13,25% este ano. A projeção é acima dos 13,05% do último relatório e acima dos 11,75% vigentes atualmente.
Durante o um mês que o Boletim Focus ficou sem circular, a guerra entre Rússia e Ucrânia se intensificou, assim como os lockdowns chineses para conter os novos casos de Covid-19. Essas duas variáveis pioraram o cenário inflacionário brasileiro, que precisa lidar com o ano eleitoral e a instabilidade política, agravada pelos episódios recentes entre o presidente Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal. A pressão também desemboca em 2023. Para o próximo ano, o mercado vê a inflação a 4%, acima dos 3,8% da última pesquisa. O percentual está acima do centro da meta, de 3,25%, mas ainda dentro do intervalo limite, de 4,75%.