Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

O consumo consciente impulsiona as vendas de brechós

A diversidade de produtos e a crise econômica também ajudam a emplacar a tendência

Por Paula Pacheco
Atualizado em 4 jun 2024, 14h33 - Publicado em 6 nov 2020, 06h00

O comportamento é um clássico. Roupas que ficam no fundo do guarda-roupa ou na parte de baixo das pilhas dificilmente são a escolha do dia a dia e, sem uso, acabam servindo apenas para abarrotar cabides e prateleiras. Agora, porém, elas podem ter um novo destino — os brechós. Os jovens, especialmente aqueles que fazem parte das gerações Y (nascidos entre 1980 e 1995) e Z (1996 e 2010), têm sido os grandes incentivadores da nova tendência. Preocupados com o consumo sem limites, eles investem cada vez mais em itens que já tiveram um ou mais donos, aumentando o ciclo de vida da produção de uma das indústrias mais poluentes do mundo — a da moda. A crise econômica, que fez sumir milhões de empregos, também foi outro fator decisivo para impulsionar esse tipo de comércio.

Em 2016, meses depois de fechar a clínica de estética Beaux, no Rio de Janeiro, a advogada Flávia Sampaio, namorada do ex-bilionário Eike Batista, apostou no lançamento do PowerLook, um brechó de aluguel de vestidos de festa para a alta renda. O negócio decolou. Além do e-commerce, possui três lojas físicas e desenvolveu um projeto de expansão por meio de franquias. Na plataforma, é possível alugar um Versace por 2 000 reais ou desfilar com um modelo da própria marca por 198 reais. Quem também decidiu apostar no segmento de luxo foi a atriz Fiorella Mattheis, fundadora da Gringa. Em vez de brechó, a agora empresária prefere chamar seu negócio de recommerce (ou revenda de artigos usados). Os acessórios, principalmente as bolsas, são de grifes como Louis Vuitton e Gucci. O modelo da Chanel mais em conta — uma vintage — custa 3 490 reais. “A indústria fashion passa por uma grande revolução e o movimento da moda circular agrega valor a essa mudança”, diz ela.

Uma pesquisa da consultoria internacional Boston Consulting Group (BCG) para a plataforma Vestiaire Collective concluiu que o mercado de peças usadas de luxo representa 2% da receita total do segmento, movimentando de 30 bilhões a 40 bilhões de dólares por ano. Nos próximos cinco anos, o crescimento é estimado entre 15% e 20%. Pela projeção da BCG, em 2023 27% dos guarda-­roupas dos consumidores terão um item de segunda mão (atualmente esse número é de 21%). Para 70% dos entrevistados — 7 000 pessoas, em seis países —, o caráter sustentável desse mercado, acentuado durante a pandemia, é a primeira justificativa para a compra. Mas o aspecto econômico, a variedade de itens e a exclusividade também influenciam na decisão.

FLAVIA SAMPAIO – POWERLOOK – INSTAGRAM @FLAVIASAMPAIO 10 2020.jpg_1
LUXO - Flávia Sampaio, do brechó PowerLook: vestido Versace por até 2 000 reais – (Reprodução/Instagram)

O novo comportamento tem estimulado investimentos no setor. O e-commerce Enjoei, fundado em 2009, pretende fazer ainda em 2020 uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) e captar até 1,8 bilhão de reais. Neste ano, a Redpoint Ventures e a Bossa Nova Investimentos fizeram um aporte de 7,5 milhões de reais no Repassa, o que permitirá à startup multiplicar por dez seu crescimento nos próximos dois anos. O Repassa foi fundado pelo publicitário Tadeu Almeida em 2014. As vendas, segundo ele, têm triplicado a cada ano. No modelo de negócio, quem tem roupa ou acessório para vender recebe em casa uma sacola, que é enviada para o depósito da startup, em São Paulo. Lá, as peças são higienizadas, fotografadas e exibidas no site. O comprador recebe o item em casa e o Repassa fica com uma comissão. Atualmente, o estoque conta com cerca de 150 000 peças — a maioria de moda feminina. “Não queremos ser um personal stylist para nossos clientes, mas sim pegar as peças em bom estado que estão paradas no guarda-roupa e trazer de volta para a economia”, diz Almeida.

Continua após a publicidade

O público infantil também está na mira dos investidores. O brechó Cresci e Perdi, focado nesse universo, conta com uma rede de 117 franquias, entre Goiás, Paraná, Minas Gerais e São Paulo. Nos primeiros meses da pandemia, a oferta de roupas caiu porque muitas pessoas preferiram doar o que não servia mais a vender. A solução foi comprar peças novas, de coleções passadas, para manter a oferta nos pontos de venda. O sucesso no mercado brasileiro fez a empresária Elaine Alves, dona do negócio, planejar voos mais altos. A ideia é levar o brechó para Portugal em 2021. “Esse mercado não vai acabar nunca”, diz. As roupas são de segunda mão, mas usá-las é cada vez mais fashion.

Publicado em VEJA de 11 de novembro de 2020, edição nº 2712

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.