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Nobel de Economia planeja gastar prêmio ‘irracionalmente’

Economista determinou o que batizou como "fator de posse", que mostra que os indivíduos dão mais importância ao que já têm do que ao que ainda não têm

Por Da redação
Atualizado em 16 out 2017, 16h08 - Publicado em 9 out 2017, 20h27

“Vou gastar meu dinheiro o mais irracionalmente possível”, brincou Richard Thaler ao receber o Prêmio Nobel de Economia, de cerca de 1 milhão de dólares, por seus trabalhos sobre a influência da racionalidade humana na economia. Premiando o professor de economia de 72 anos, a Academia de Estocolmo atribuiu seu grau de nobreza à economia comportamental.

“Dormia profundamente e acordei às 4h”, admitiu, quando recebeu a ligação anunciando a prestigiosa recompensa, contou Thaler nesta segunda-feira. “Diferentemente de Bob Dylan, tenho a intenção de ir a Estocolmo receber o prêmio”, brincou, relaxado e jovial.

Professor da Faculdade de Comércio Booths desta universidade, Thaler é pioneiro e pilar da cátedra de economia do comportamento, que associa os conhecimentos da psicologia e do comportamento humano à economia.

Em 2008, publicou em colaboração “Nudge, o método persuasivo para inspirar boas decisões”, que se converteu em best-seller e influenciou governantes e empresas, propondo soluções originais a problemas de poupança, consumo e saúde pública.

Integrando as pesquisas sobre a irracionalidade no campo da economia, ressaltou os preconceitos humanos cognitivos ou sociais que podem afetar as tomadas de decisões dos investidores e a orientação dos mercados.

Fator de posse

Sua doutrina, batizada de “paternalismo libertário”, foi também ponto de referência para políticos, principalmente no governo de Barack Obama. O coautor do best-seller, o jurista Cass Sunstein, foi um dos conselheiros do presidente democrata.

Thaler disse nesta segunda-feira que cerca de 75 organizações adotaram o método “Nudge” (“empurrãozinho”) e aconselham atualmente governos, grupos e empresas. Suas teorias foram aplicadas, por exemplo, para encorajar os consumidores a pagar o estacionamento, ou se vacinar.

A teoria se baseia na ideia de que indivíduos tomam suas decisões financeiras considerando primariamente seu impacto de curto prazo.

O economista determinou o que batizou como “fator de posse”, que mostra que os indivíduos têm uma aversão a toda perda e dão mais importância ao que já têm do que ao que ainda não têm, inclusive quando o valor deste objeto já se degradou.

Isso lhes leva a tomar decisões financeiras que nem sempre são as mais convenientes, como postergar a poupança para mais tarde, ou fazer um investimento em plena alta de preços.

A doutrina da economia comportamental, surgida em fins dos anos 1970 e promovida pela controversa Escola de Chicago, criada por Milton Friedman, revolucionou as teorias econômicas clássicas, que consideravam que os indivíduos agiam em seu melhor interesse.

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Thaler admitiu que nem sempre foi bem recebido no mundo econômico. “Os economistas raramente aceitam” uma ideia ou uma teoria, ironizou nesta segunda-feira.

“Não acho que mudou o que as pessoas pensam nos últimos 40 anos. Em consequência, decidi corromper a juventude, cujo espírito ainda não está modelado”, admitiu. “Os jovens economistas adotaram a economia comportamental”.

Em 2002, um colega e coautor de Thaler, o psicólogo Daniel Kahneman, tinha recebido o Nobel de Economia, por suas pesquisas sobre a finança do comportamento.

Outros economistas dessa linha também foram reconhecidos pela Academia, entre eles Angus Deaton, premiado em 2015 por sua análise do consumo e o bem-estar, assim como Robert Shiller, laureado em 2013 com outros pesquisadores por seus estudos sobre a influência da psicologia nos mercados financeiros.

(Com AFP)

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