Na Rio+20, hospedagem será na base do ‘jeitinho’
Conferência da ONU vai atrair mais de 50 mil visitantes. Escassez de quartos de hotel expõe a fragilidade da cidade para receber grandes eventos
Falta de hospedagem impediu realização do UFC na cidade. Evento com o lutador Anderson Silva, em junho, será realizado em Las Vegas
Anfitrião de uma extensa lista de grandes eventos nos próximos anos, o Rio de Janeiro tem no caminho um constrangimento: já em junho, durante a Rio+20, dependerá de um ‘jeitinho’ para hospedar o público esperado para a conferência. De acordo com a estimativa oficial, mais de 50 mil visitantes vão precisar de hospedagem entre os dias 13 e 22 de junho. O problema é que a cidade dispõe de apenas 30 mil quartos em operação, considerando desde albergues até hotéis cinco estrelas. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio (ABIH-RJ).
As delegações oficiais estrangeiras são as únicas com lugar garantido – mesmo que seja em estabelecimentos fora da capital. O Itamaraty bloqueou preventivamente 70% dos quartos em hotéis das categorias quatro e cinco estrelas no estado. Até agora, 12 mil quartos estão confirmados e contratados pelo Comitê Nacional de Organização (CNO). Na capital, é praticamente impossível encontrar um quarto de hotel a essa altura. A taxa de ocupação para o período da Rio+20 já está em 95%, sendo que não há mais quartos disponíveis no Centro.
A desproporção entre oferta e procura prejudica a cidade. E um exemplo de como é possível perder dinheiro com a falta de hotéis ficou claro na manhã desta terça-feira, quando o UFC (Ultimate Fight Championship) anunciou oficialmente que, devido à falta de hospedagem, o Rio perdeu para Las Vegas a tão esperada luta entre Anderson Silva e Chael Sonnen. O confronto estava originalmente marcado para o dia 23 de junho, dia seguinte ao término da conferência da ONU. “Anderson ficou muito chateado por não lutar aqui. Conversamos muito e eu o convenci a lutar em Las Vegas, onde haverá hotel para todos que estiverem lá”, provocou o presidente do UFC, Dana White, em entrevista coletiva.
Diante da impossibilidade de atender a demanda para a Rio+20, o prefeito Eduardo Paes anunciou há cerca de um mês que lançará uma campanha para incentivar a população carioca a hospedar os visitantes. O projeto inclui um portal na internet, elaborado pela Riotur, que reunirá todas as vagas de hospedagem domicilar oferecidas por outros sites e agências de turismo. A previsão de lançamento é a primeira quinzena de maio.
A hospedagem domiciliar divide-se em dois tipos: o aluguel por temporada e o Cama e Café (ou Bed & Breakfast). No primeiro, o imóvel é disponibilizado para aluguel por períodos curtos, a preços acima do aluguel convencional. No segundo, o proprietário continua morando no apartamento ou casa, e oferece um quarto ou cama para o vistante.
“Nós agendamos uma visita com o candidato a anfitrião, vemos se o imóvel está nos padrões e explicamos como funciona. Na categoria mais simples, a diária para duas pessoas sai na faixa de 100 a 150 dólares. Uma média de ocupação considerada boa é de 30%. Ou seja, dá para a reforçar bem o orçamento familiar”, explica a venezuelana Veronica Herrera, que lançou há um mês o site My Rooms in Brazil, dedicado à hospedagem domiciliar nas categorias três ou quatro estrelas. Hoje, o site já tem 14 residências cadastradas, sendo 12 delas na Zona Sul.