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Na contramão do mercado, Toyota aposta no Brasil para acelerar exportações

Em tempos de paralisia do setor automotivo, montadora quer usar dólar como embalo para suas exportações, além de mirar o mercado de assinaturas

Por Felipe Mendes Atualizado em 15 out 2021, 13h39 - Publicado em 15 out 2021, 10h03

Acostumado com o chão de fábrica, o engenheiro e executivo peruano Rafael Chang, CEO da Toyota no Brasil, teve de mudar sua rotina. Devido à necessidade de isolamento social provocada pela pandemia de Covid-19, Chang trocou a visita aos parques fabris da montadora por bate-papos on-line com seus funcionários. Só em 2020, foram mais de sessenta encontros, que reuniram, em cada, cerca de 15 trabalhadores. O desafio era manter a confiança e a disciplina de sua equipe durante o período mais sombrio da pandemia, em que muitas fábricas tiveram de paralisar a produção. Hoje, a situação é diferente. Mesmo com a alta do dólar e com a falta de componentes para o setor automotivo, a Toyota anunciou a ampliação da capacidade produtiva de sua maior fábrica no Brasil, em Sorocaba (SP). A partir de novembro, a montadora irá aumentar sua capacidade de produção de 122 mil veículos ao ano para 158 mil automóveis, contratando 900 funcionários, entre empregos diretos e indiretos.

Para muitos, a estratégia é ousada, levando-se em consideração a inflação que aperta o bolso do consumidor brasileiro. Mas a verdade é que a empresa está querendo acelerar as vendas em outros países das Américas. “O mercado brasileiro é muito importante em termos de volume, mas também pode ser usado para aumentarmos as nossas exportações. É um fator importante para termos um modelo de negócios mais robusto e competitivo”, revela. “Para nós, o importante é sabermos como balancearmos a produção entre o mercado doméstico e as exportações.”

Hoje, alguns dos principais modelos exportados pela montadora são o Etios e o Corolla Cross, o segundo tem sua versão híbrida sendo comercializada a quase 200 mil reais no Brasil. Pelo menos 22 mercados estrangeiros recebem o modelo Cross produzido no Brasil pela montadora japonesa. O SUV, inclusive, é a principal aposta para deslanchar as vendas da companhia no país. No mercado, circula a informação de que a empresa está se preparando para lançar um novo SUV no Brasil. Chang, porém, desconversa. “Você está me trazendo uma informação nova”, brinca.

Fora isso, a empresa tem algo a comemorar na pandemia. Segundo o último ranking divulgado pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), a Toyota assumiu a segunda posição do mercado em relação aos emplacamentos de veículos leves. Na soma de janeiro a setembro deste ano, a empresa detém uma fatia de 10,4% das vendas deste mercado, posicionando-se atrás somente da Fiat (com 50,7%) — embora a participação da companhia seja similar à obtida no mesmo período de 2020, a posição é superior: em 2020, a empresa detinha a terceira posição do mercado, atrás de Fiat e Volkswagen.

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Crise dos componentes

Embora a falta de componentes e a disparada dos preços do minério de ferro, uma das matérias-primas dos automóveis, incomodem o mercado, Chang se mostra confiante e diz que sua companhia foi menos afetada em relação às rivais. “Realmente, o impacto foi menor para nós”, afirma. “Eu diria que nosso sistema de planejamento e o nosso trabalho com os fornecedores estão garantindo um nível de fornecimento mais ou menos estável para a nossa operação”, corrobora. Sem dar muitos detalhes, o executivo ainda admite que tem fabricado mais peças para os carros da Toyota no Brasil, uma forma de depender menos da oscilação cambial. “Estamos localizando a produção de algumas peças, o que faz parte para se proteger da exposição no câmbio, mas também ajuda a desenvolver a cadeia produtiva do país.”

De olho nas tendências de mercado, a empresa tem dado vazão a Kinto, uma marca voltada à mobilidade. Idealizada em julho de 2020, a novidade é a peça-chave para a companhia no mercado de veículos por assinatura e gerenciamento de frotas. A fim de recuperar o potencial perdido para as locadoras, o modelo de assinatura tem sido estratégico para montadoras. Batizada de Kinto One Personal, o serviço por assinatura lançado nas últimas semanas traz a possibilidade de locação de qualquer veículo da montadora no Brasil por um período de 12 ou 24 meses, em um modelo que contempla manutenção preventiva, assistência 24 horas, IPVA, entre outras coisas. “São produtos dirigidos a um tipo de uso diferente. Queremos atender as necessidades de um público mais jovem, mas também atender a necessidade de muitas empresas, com a administração de frotas”, diz Chang.

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