Por Walter Brandimarte
NOVA YORK (Reuters) – A Moody’s Investors Service cortou os ratings soberanos da Espanha em dois níveis, dizendo que os elevados níveis de dívida dos setores bancário e corporativo deixam o país vulnerável a problemas de financiamento.
A Moody’s cortou os ratings de títulos do governo da Espanha para “A1”, ante “Aa2”, concluindo a revisão para possível redução da nota iniciada no final de julho. O novo rating tem perspectiva negativa.
Uma piora nas perspectivas de crescimento da zona do euro também tornará ainda mais desafiador para a Espanha alcançar suas ambiciosas metas fiscais, acrescentou a agência.
A Espanha pode ter seu rating reduzido novamente caso a crise de dívida da zona do euro se agrave, alertou a Moody’s.
“Desde que colocamos os ratings da Espanha em revisão no final de julho, nenhuma solução confiável para a atual crise de dívida soberana na zona do euro emergiu e, em qualquer circunstância, levará tempo até que a confiança na coesão política da zona do euro e as perspectivas de crescimento sejam plenamente restauradas”, disse a agência em relatório.
O rebaixamento coloca mais pressão sobre os líderes da zona do euro, que vão se reunir neste final de semana para discutir uma solução para a crise. O jornal britânico The Guardian reportou nesta terça-feira que Alemanha e França concordaram em impulsionar o fundo de resgate da zona do euro, para 2 trilhões de euros, levando os mercados a registrarem um rali.
O rebaixamento da Espanha pela Moody’s foi o terceiro recebido pelas três principais agências de ratings nas últimas semanas. A Moody’s, contudo, foi mais agressiva que suas rivais, cortando a nota em dois níveis: de “Aa2” para “A1”.
A Standard and Poor’s e a Fitch Ratings classificam a Espanha um degrau acima.
Analistas de mercado disseram que a notícia, embora não fosse inesperada, destacou a seriedade da crise de dívida europeia.
“Se a zona do euro não puder encontrar um modo de lidar com a situação, você vai ver os yields (dos títulos) espanhóis continuarem em alta, e eles vão ter problemas para se financiarem”, disse a analista de câmbio e renda fixa da MF Global Jessica Hoversen, em Nova York.
(Reportagem adicional de Richard Leong e Daniel Bases)