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Meta de empregos do governo para 2011 é aposta difícil

Economistas classificam como irreal a projeção de criação de postos de trabalho para 2011, divulgada nesta sexta-feira pelo ministro Carlos Lupi

Por Ana Clara Costa
18 jan 2011, 16h53

Após o anúncio do número recorde de criação de empregos em 2010, o dado que, de fato, surpreendeu os economistas foi a previsão otimista do ministro do Trabalho para 2011. Segundo Carlos Lupi, serão gerados 3 milhões de novos postos (já descontadas as perspectivas de demissões) para um ano em que haverá desaceleração no ritmo de crescimento da economia brasileira. Projeções de mercado apontam para um Produto Interno Bruto (PIB) de 4,5% neste ano, bem abaixo dos 7,6% previstos para 2010 (o número definitivo ainda não foi divulgado). “Não é compatível a desaceleração do PIB com o crescimento do emprego. Geraria uma pressão insuportável sobre o aumento de salários”, explica o economista Robson Gonçalves, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Na avaliação do analista, tal meta é impossível de ser cumprida também porque viria depois de um ano em que já houve geração recorde de emprego, de 2,5 milhões de novas vagas. Além disso, diante das inúmeras tentativas do governo de frear o consumo para controlar a inflação, uma desaceleração no mercado de trabalho seria “desejável”. O aumento de juros previsto para a reunião do Copom que ocorre nesta quarta-feira e a falta de propostas de desoneração de folha de pagamentos ou ajuste fiscal também são fatores que vão na direção contrária do discurso do ministro Lupi. “Esses fatores contraem a economia. Com a contração, o primeiro que sofre é o emprego com carteira assinada”, afirma a professora de Microeconomia do Insper, Vitória Saddi.

Construção civil – De acordo com o ministro Lupi, a alta não só será possível, como também se explica: será puxada pelo setor de serviços, comércio e construção civil. No entanto, crescer em tais segmentos não será tarefa fácil, sobretudo para a construção civil. O setor, apesar ter apresentado crescimento de 11% em 2010, dificilmente agüentaria outro nível de expansão tão grande, de acordo com economistas ouvidos pelo site de VEJA. “Há gargalos estruturais, pressão de salários e falta de mão de obra qualificada. Uma geração semelhante de empregos em 2011 é irreal”, diz Gonçalves.

Em 2010, o setor da construção foi responsável pela criação de 329 195 empregos com carteira assinada. Já os salários pagos aos funcionários tiveram alta de 10,24% – a maior desde 2003. A aceleração salarial foi o principal componente do aumento do Índice Nacional da Construção Civil, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – que fechou 2010 em 7,36%. Para Vitória Saddi, nem mesmo a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas poderão puxar um crescimento tão grande do emprego em 2011. “Haverá um aumento, e a construção terá um efeito sobre ele. Mas três milhões é um número superestimado”, diz.

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