Por Carolina Marcondes
SÃO PAULO (Reuters) – Após registrar forte prejuízo líquido no terceiro trimestre por conta da variação cambial, a Fibria afirmou que não haverá nenhuma mudança na estratégia de hedge no quatro trimestre.
Entre julho e setembro, a maior produtora mundial de celulose teve prejuízo líquido de 1,1 bilhão de reais, contra lucro de 303 milhões de reais um ano antes.
O prejuízo contábil foi decorrente, sobretudo, do resultado financeiro negativo. Quase a totalidade da dívida da Fibria é denominada em moeda estrangeira e o dólar teve valorização de cerca de 20 por cento sobre o real ao longo do terceiro trimestre.
Analistas consultados pela Reuters já previam resultado final negativo para a empresa. O prejuízo veio exatamente em linha com a média das estimativas de cinco analistas.
“Não haverá nenhuma alteração na política, na nossa estratégia de hedge no quatro trimestre”, afirmou o diretor financeiro e de relações com investidores da Fibria, João Elek, em teleconferência com jornalista nesta quarta-feira.
“Continuamos firmemente protegendo nosso fluxo de caixa.. e protegemos com instrumentos absolutamente conservadores, meramente de proteção, sem nenhum componente de alavancagem.”
No balanço divulgado na manhã desta quarta-feira, a Fibria informou que as operações de hedge tiveram um resultado financeiro negativo de 558 milhões de reais, sendo que 541 milhões de reais representaram a variação contábil entre os resultados do segundo e terceiro trimestres.
“(O hegde) é um dos instrumentos que nós temos (de proteção). Nós protegemos o fluxo de caixa para os próximos 12 meses na ordem de 60 a 65 por cento”, explicou Elek.
Em 2008, a Aracruz, que após a fusão com a VCP se tornou a Fibria, sofreu fortes prejuízos por conta de operações com derivativos cambiais após a valorização do dólar durante a crise financeira. As operações fizeram com que, até hoje, a companhia tenha forte endividamento.
A Fibria encerrou o terceiro trimestre com uma dívida líquida de 9,54 bilhões de reais, valor 6 por cento inferior ao mesmo período do ano passado, mas 20 por cento maior que o obtido no final do segundo trimestre.
“Assim como todas as empresas exportadoras, a Fibria mantém a maior parte da sua dívida em moeda estrangeira, sendo impactada no curto prazo pela volatilidade do câmbio”, afirmou o presidente-executivo da companhia, Marcelo Castelli.
INVESTIMENTOS
Mesmo com o projeto de dobrar a capacidade de produção de celulose na unidade de Três Lagoas (MS) em 2014, a Fibria deve pisar no freio e reduzir o volume de investimentos para 2012, na comparação com este ano, já que os maiores investimentos no plano de expansão ocorreram no final de 2010 e início de 2011, disse Casteli.
“Nosso Capex em 2012 será menor que em 2011. Esse assunto está sendo discutido e vai ser aprovado… eu não posso dizer qual é o valor, mas confirma a tendência de redução do Capex”, disse o presidente.
“A maioria dos investimentos que assegure a nossa janela de entrada, dadas as condições de mercado até 2014 já estão feitos.”
EBITDA TAMBÉM RECUA
O Ebitda –sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação– da Fibria foi de 476 milhões de reais, queda de 33,6 por cento ante os 717 milhões de reais de um ano antes. O Ebitda reportado é ajustado em itens não recorrentes sem impacto caixa, segundo a companhia.
A receita líquida foi de 1,4 bilhão de reais, queda de 8 por cento na comparação anual. O volume de vendas de celulose foi de 1,2 milhão de toneladas, acréscimo de 7 por cento frente ao terceiro trimestre de 2010.
(Reportagem adicional de Cesar Bianconi)