Mercado revisa para cima a projeção para a inflação em 2023 e 2024
Boletim Focus traz revisão no IPCA para este ano e no próximo; apesar da alta, projeções mostram índice dentro do teto da meta tanto em 2023 como em 2024

Analistas consultados pelo Banco Central revisaram para cima a projeção da inflação do Brasil para este ano e para o próximo. De acordo com o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, 4, pelo Banco Central, o IPCA, índice oficial de inflação do país, deve fechar o ano em 4,54%, ligeiramente acima da projeção da semana passada, de 4,53%, mas dentro do teto da meta, que vai até 4,75% neste ano. Caso a inflação termine no patamar estimado pelo mercado, será a primeira vez em três anos.
Em 2024, os analistas estimam a inflação em 3,92%, também ligeiramente acima da semana passada, quando a projeção era 3,91%. Em 2024, com o centro da meta em 3%, o teto vai até 4,5%.
Nos últimos 12 meses encerrados em outubro, o IPCA acumula alta de 4,82%. Na prévia de novembro o acumulado ficou em 4,84% — com o indicador mensal em 0,33%. Na prévia, houve registro de pressão no valor dos alimentos, o que puxou o IPCA-15 para cima, Nas últimas cinco pesquisas, antes de novembro, o grupo de alimentação e bebidas tinha registrado quedas.
Os analistas mantiveram a projeção para a taxa Selic, estimando 11,75% neste ano e 9,25% no próximo. O colegiado se reúne entre os dias 12 e 13 de dezembro e deve anunciar um novo corte de 0,5 ponto, chegando assim nos 11,75%. A primeira reunião de 2024 está marcada para os dias 30 e 31 de janeiro.
Para o PIB, os analistas mantiveram a projeção de 2,84% para este ano e 1,5% no próximo.
Câmbio
Além da revisão do IPCA, os analistas também revisaram as projeções para o câmbio. Segundo os dados do Focus, o Real deve registrar uma apreciação maior, em relação aos relatórios da semana passada. A projeção é encerrar 2023 abaixo da marca dos 5 reais, em 4,99 reais por dólar. Nos anos seguintes o mercado prevê 5 reais, 5,10 reais e 5,16 reais. O dólar é um indicador importante para a inflação, já que commodities como alimentos e combustíveis são negociadas em dólar no mercado internacional, o que impacta os preços domésticos.
Segundo o economista André Perfeito, a perspectiva de balança comercial positiva e certa estabilidade macroeconômica no Brasil coloca o Real em posição estratégica em relação às demais moedas do mundo. “Fora isso aumentam as chances de algum corte nos juros nos EUA o que enfraquece a moeda norte-americana”, disse.