Mercado projeta inflação próxima do teto e Selic a 12,25% no próximo ano
Analistas do mercado financeiro consultados pelo Boletim Focus reduziram ligeiramente a projeção do IPCA deste ano, mas projeção segue acima da meta
Depois de seis semanas consecutivas de alta, analistas do mercado financeiro consultados pelo Banco Central baixaram levemente a projeção da inflação para este ano, mas subiram a estimativa de IPCA no ano que vem.
Segundo os dados compilados pelo Boletim Focus e divulgados nesta segunda-feira, 25, o IPCA deve encerrar 2024 em 4,63%. A perspectiva é 0,01 ponto percentual menor que a da semana passada. A previsão continua acima da margem de tolerância da meta, indicando pressão inflacionária contínua e desancoragem das expectativas. Neste ano, o centro é de 3%, com margem de tolerância de até 4,5%.
Para 2025, a estimativa de inflação passou de 4,12% a 4,34%. A desancoragem da inflação, aliás, é um dos grandes motivos que levaram o BC a iniciar o aumento das taxas de juros. Na última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) ajustou a Selic em 0,5 ponto, levando a taxa para 11,25%. Os analistas consultados pelo Focus preveem mais altas nos juros neste ano, chegando a 11,75%, isto é, mais uma alta de 0,5 ponto. A próxima reunião ocorre em dezembro. Para 2025, a tendência é de mais alta de juros: os analistas estimam a Selic em 12,25%. Na semana passada, a previsão era de Selic a 12%.
Os investidores continuam esperando o anúncio do pacote de corte de gastos, cuja promessa da equipe econômica é dar longevidade ao arcabouço fiscal. Hoje, o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reúnem para definir a redação final do pacote com as medidas de ajuste das contas públicas
A pressão inflacionária no Brasil está relacionada tanto ao aumento fiscal como também ao cenário externo — com a tendência de valorização do dólar após a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos e a escalada de tensão nos conflitos no Oriente Médio e entre Rússia e Ucrânia.
O mercado também voltou a projetar uma alta do dólar, fator relevante para a inflação. No Focus desta semana, os analistas estimam o dólar a 5,70 reais ao fim do ano, 10 centavos a mais do que no relatório da semana passada, mas inferior à cotação atual da moeda norte-americana. Nesta segunda-feira, a cotação do dólar está na casa dos 5,85 reais.
Além da desancoragem inflacionária, o avanço da atividade econômica também é um dos motivos que levaram o BC a começar o ciclo de aperto monetário. Os economistas consultados pelo Focus subiram a previsão de expansão do PIB de 3,10% para 3,17% neste ano. A projeção do mercado se aproxima do esperado pelo Executivo e pelo BC, que é de um avanço de 3,2% para este ano.