PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana

Mercado espera aumento de 1% a 1,25% na Selic

Diante de novas pressões inflacionárias com a guerra no Leste Europeu e a eclosão de um novo surto de Covid-19 na China, Selic pode alcançar 12%

Por Luana Zanobia Atualizado em 16 mar 2022, 19h13 - Publicado em 16 mar 2022, 08h00

Em meio ao agravamento do cenário macroeconômico com o conflito no Leste Europeu e, mais recentemente, a eclosão de um novo surto de Covid-19 na China, o mercado aguarda ansioso a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) sobre os rumos da taxa básica de juros, a Selic, nesta quarta-feira, 16.

Diante dessas novas pressões inflacionárias, o mercado espera que o Banco Central dê continuidade à política monetária contracionista com elevações de 1% a 1,25% na taxa de juros, saindo do patamar atual de 10,75% para alcançar 11,75% ou 12%. Se confirmada, essa será a nona alta seguida da Selic, que abandonou o seu menor patamar histórico de 2% em 2021, e deve continuar com a trajetória altista. “O cenário econômico atual, agravado pela invasão à Ucrânia, fará com que o Banco Central siga elevando a Selic, visando conter o avanço inflacionário”, diz André Malucelli, diretor de investimentos do Paraná Banco.

A guerra entre Rússia e Ucrânia já fez eclodir os preços das commodities, e os efeitos já começaram a ser precificados no mercado doméstico brasileiro. A projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) saltou de 5,50% para 6,45% no último Boletim Focus. A projeção do Paraná Banco é ainda mais pessimista, com o IPCA em 7% ao final do ano, ambas indicando novamente estouro da meta. A meta definida pelo BC é de 3,5%, com margem de tolerância de até 5%. “A cada dia a inflação tem surpreendido para cima, então, o Banco Central deve responder à altura para conter a alta dos preços”, diz Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest.

No cenário interno, os riscos fiscais voltaram ao radar dos economistas com as recentes falas do presidente Jair Bolsonaro de intervir na política de preços da Petrobras. “O medo dessa interferência é o quanto isso vai custar para os cofres, somado a todo o pacote de bondades que o governo deve viabilizar neste ano eleitoral”, diz Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos.

Nas últimas atas, a autoridade monetária vem destacando a importância da responsabilidade fiscal no rumo dos juros brasileiros. “Apesar do desempenho mais positivo das contas públicas, o Comitê avalia que a incerteza em relação ao arcabouço fiscal segue mantendo elevado o risco de desancoragem das expectativas de inflação e, portanto, a assimetria altista no balanço de riscos. Isso implica maior probabilidade de trajetórias para inflação acima do projetado de acordo com o cenário de referência.”

Continua após a publicidade

No cenário externo, o mercado ainda calcula os riscos dos recentes fechamentos na China em resposta a um novo surto da Covid-19, que podem voltar a desequilibrar as cadeias de suprimentos e gerar uma inflação de oferta, na qual o Banco Central tem pouco poder de controle. “Esse tipo de inflação não arrefece com a elevação dos juros, por isso é preciso também cautela”, diz Carvalho.

Por isso, para alguns economistas o BC não deve avançar acima de 1% a taxa Selic. “Em função do elevado grau de incerteza no tempo de duração dos choques e da possibilidade de que sejam revertidos, agora agravados pela tensão da geopolítica internacional, acreditamos que seja mais adequado seguir a sinalização da reunião anterior, com um aumento de apenas 1%”, diz Everton Pinheiro de Souza Gonçalves, superintendente da Assessoria Econômica da Associação Brasileira de Bancos (ABBC). Segundo Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, a inflação do ano de 2022 já está perdida e parte dessa alta dos preços está fora do poder de controle do BC, por isso aumentos maiores que 1% não devem beneficiar a economia. “Não acredito que o Banco Central vá agir imediatamente porque o risco dessa ação seria muito maior do que o risco de não fazer algum movimento diferente do que já havia sido traçado até esse momento, dados os eventos recentes”, diz.

Na última reunião, o comitê afirmou que poderia reduzir o ritmo da alta, isso porque os efeitos da alta dos juros são cumulativos e têm como objetivo baixar a inflação para o chamado “horizonte relevante”, ou seja, os anos de 2022 e 2023. Mas os recentes acontecimentos que surgiram no cenário deixam o mercado atento para os próximos passos da política monetária do BC diante de tantas incertezas e de novas pressões inflacionárias.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.